Perdido num apartamento, garrafas espalhadas, resquícios de uma noite regada a vinho.
Um vinho barato, destes comprados no buteco.
São as lembranças que assombram e encantam o existencialista.
Ele acordou com a cabeça pesada e nem sequer olhou para o lado. Foi até a janela, o vínculo com o mundo repugnante do qual ele insistia em cortar o cordão umbilical. Ah, aquele bendito (e tão maldito cordão que ele nem sequer soubera como foi amarrado) cordão umbilical.
Tentou alcançar a ponta daquele laço, mas não conseguiu. O existencialista então olhou para o sol, queimando forte no céu catarinense. A pele ainda ardia das aventuras da noite passada e o sol fez meio que uma volta de 360° ao redor do corpo do existencialista. Sim, para ele havia uma curva, no raio que insistia em passar.
Ele pensou em fechar a janela, as grossas cortinas, mas por um pequeno instante, observou a si mesmo com a luz alaranjada. Sim, já era quase o anoitecer de seu aniversário, o existencialista dormia tarde, acordava idem. Já se passavam 5 horas da tarde, e mesmo com a cabeça girando, ele se permitiu observar o mundo.
O mesmo mundo que repugnava agora parecia docemente assustador.
E o existencialista tirou o chapéu para vida.
Caramba, ele pensou.
Continuo sendo existencialista. E sonhador.
DDPD
Um comentário:
po cris
que lindo isso!
eu só fui ver agora... tu deves ter escrito numa das minhas caídas virtuais cercado por morros e garrafas vazias.
belo!
muchas gracias!
besoss
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