quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O espectro


Resolvi voltar a escrever baboseiras, sem eira e nem beira, só pra desopilar.



O espectro


No sono dos justos e dos injustos, os sons são os mesmos. Se escuta a respiração alheia, se sentem os braços a te abraçar. Por vezes os espasmos momentâneos, o que o outro estaria sonhando? Ah, o sono da beleza, a hora do descanso, o absorver da vida. A vida que te empurra a preço de ouro agora é apenas descanso. São as horas em que nada vale mais do que apenas fechar os olhos e sonhar. A expectativa do indiferente, o que viria na minha e na sua mente, se apenas fechasse os olhos e no seu sonho pudesse viajar? O sono dura pouco, como os sonhos, como as canções de ninar, que vão se esvaindo com o sono que chega, o boi da cara preta já não quer mais te pegar.

E você apenas sonha... sonha com as coisas que estão por vir. Ou apenas revira a gaveta dos acontecimentos, no fundo dela está o sonho do momento, que alento. Tu acordas e vê o sonho ali. Mas como sonho não se repete, estranho parece, já não é mais sonho, é real. E como todo real, perde o encanto, o conto do brilhante sonho que já foi imaginário. O cheiro do sonho é nulo, mas perfeito a quem sente. O sonho é puro. Sonhei.

E abrindo os olhos te analiso, dormindo feito um anjo, mexendo a boca para falar. Delirando o sonho dos justos, o sonho permanente, a tua busca me inspira a sonhar. E eu percebo que quando tu acordares não me verás como sonhada, mas como viva a teu lado, perdida, escolhendo as palavras certas para não te afastar. Já não és mais meu sonho, mas ainda gosto de te admirar.

E tu apenas te viras, outro rosto me mira, a boca borrada estranha me intriga. Depois tu sorri, perdido na tua própria inocência, emitindo sinais que me farão, com certeza, saber.

Que daquele dia em diante, eu me sentiria mal por te afastares, quase sem querer.
Injusto, mas como todo o sono dos injustos, difícil de entender.
Boa noite, criança. Sonhe com os anjos.
Eles me darão a resposta do teu afastamento justo.
Certo. O teu modo de viver.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009




A gente pode impedir tudo nesta vida. Podemos impedir os sonhos, podemos impedir a amargura, a vingança, a inveja, o livre arbítrio do mal. Nós podemos. E não podemos deixar. Mas se há algo nesta vida que não podemos impedir é o nascer do sol. Sim, todos os dias, mesmo que o tempo esteja nublado e fechado como nosso coração, por vezes. Sim, ele nascerá, perfeito em sua forma, o grande círculo de fogo, o maior de todos os milagres. Porque se eles existem, o nascer do sol é um deles. Quiçá o principal.

Talvez por nunca ter assistido ao nascer do sol - o pôr dele várias vezes - eu jamais tenha entendido o que ele significa. Ele está ali gritando com seus raios - bem vindos a um novo dia - e é como se sua vida chegasse em branco. Brilhante em uma folha de gramatura intensa, pedindo histórias para contar. E são tantas as histórias no mundo, que o sol já apenas as absorve e as delega de volta com um brilho que atravessa a alma. O sol é o mais puro reflexo da renovação, até mesmo do que já parecia velho e perdido. E com o poder dele, uma centelha sempre é acesa no coração daqueles que acreditam que:

A vida não é mecânica e sim sentimental.

O mundo não está perdido, ao contrário das profecias.
Sempre um motivo a mais para sonhar, buscar, viver.
Não há problema maior que o nosso, nem a capacidade de o resolvermos.
O universo que nos é vendido é ilusório, como qualquer desespero momentâneo.


Que há apenas o perfeito nascer e pôr do sol, com seu mecanismo perfeito.
Nem antes e nem depois, como tudo na vida.
Com hora certa para acontecer.
Hoje me dia valeu à pena.

Hoje eu fui dormir vendo o nascer do sol.

domingo, 23 de agosto de 2009

Dissolução




“Ando pensando. O que busco? O que quero? Há lugar depois da curva? Posso me curvar?”

Sentado no banco forrado, olhos petrificados, algo estava errado naquela noite de sexta-feira. Uma madrugada fria, de gente diferente e bizarra por todos os lados. Uns de caso com o acaso, outros tendo muito a explicar. Ah, pensou ele. A vida é cheia de parasitas, alguns mortos vivos. Sou o melhor em tudo, porque me vincular a esta gente? Posso e não posso, é isso que me agonia. Porque meu sangue frio desafia a vida, que insiste em querer se mostrar. E é quando o sol nasce, quando a almofadinha da rotina me chama para descansar, que penso em sumir do mapa, voar. Tenho dedos longos e pensamentos rápidos, sou como um pianista, batendo nas teclas da vida. Sou imortal. Agora aqui, olhos para frente, AVANTE!, me sinto como mais um dos mortos vivos que insistem em respirar. Sou genial.

Mal pensou aquilo e o vento fez a curva. Como num instante que demora 0,5 milésimos de segundo, mesmo tendo o raciocínio tão rápido, ele não acompanhou aquele momento. Se antes seus reflexos estavam comprometidos, desta vez ele viu tudo. Como em um cenário com câmeras desconexas, tudo foi se projetando, uma imagem até então nem pensada nem pelos maiores gênios em 3D. Foi girando, girando, e lembrou-se dos brinquedos que o davam ânsia de vômitos nos parques infantis. A diferença é para as atrações ele havia pagado ingresso e, ainda que relutante na fila, desafiou seus medos para deixar o estômago revirar. Mas para este momento inesperado ele havia comprado o desafio, apenas. O preço era caro demais.

O carro girou, girou e parecia não parar jamais. Que triste fim, ele pensou. Uma vida inteira para trás e para frente. Momentos únicos, vazios e felizes que passou, sem ao menos ter pensado sobre eles. Nas caixas de medicamentos, o êxtase que nunca chegou. A busca envaidecida pelo diferente, a morte que sempre fugia agora estava ali, com um copo de whisky não mão, sorrindo embevecida. Tão podre como o cheiro da pior vala, exalava um perfume que pelo mesmo milésimo de segundo parecia sedutor. Ela estava ali para buscá-lo. Ele teve certeza.

Piscou. Sentiu seu coração gelar. Piscou de novo. Fechou e abriu os olhos. E a morte já não estava mais ali. Havia desaparecido, mas o carro continuava girando. E terminou de girar com um baque surdo, baque que fez os cães da rua acordarem, latindo freneticamente. Ao redor dele, porém, o silêncio era absoluto. Como se não houvesse mais nada ali, além do convidativo olhar da morte. De repente, absorto em suas idéias, ele achou interessante que aquilo houvesse acontecido. Mas lhe causou estranheza que naquele copo, que a morte carregava, não havia whisky – era o que ele havia pensado – e sim um copo de água, refletindo sua agonia ininterrupta. Ele olhou para os lados, as alarmes dos carros o despertaram. E ele ficou ali, olhando nas esquinas, procurando a morte que se avizinhava, mas ela já não estava mais ali. Inspirou. Expirou.

Não muito longe dali, na calçada, a morte caminhava maltrapilha e desorientada, puxada por um cabo invisível de um carro branco que a rebocava. A morte era mesmo teimosa. Era orientada a dar avisos. Mas às vezes insistia em passar dos limites. Como o menino que não encontrou a curva certa. Ainda.

domingo, 9 de agosto de 2009

És capaz de ouvir a canção do vento?


Perdida, entre o milharal, a pequena menina parecia mais uma vítima de si mesmo. Guardando segredos e desejos, parecia flutuar na plantação, procurando significados para tudo. Para tudo, sim, uma contrariedade, porque o óbvio era pequeno demais. Ela queria ver as cores e ouvir a voz do vento. Desafiando, portanto, a vida, saiu em disparada, quando sentiu os primeiros sinais. Ele balançava o milharal, o fenômeno da natureza que mais a agradava. Não havia meias medidas, meias palavras, não havia nada que ela definisse naquele momento. Correu, esbaforida, procurando alcançar a força do vento. Se alcançasse a velocidade, portanto, conseguiria senti-lo mais verdadeiramente, talvez apanhá-lo entre os dedos. Seria muita audácia, mas quem duvidaria da menina, que de longe parecia apenas brincar? E enquanto os produtores enchiam suas carroças com a colheita, a pequena serelepe não titubeava! Corria, o mais rápido que podia, olhando para todos os lados, ângulos, tudo que os olhos pudessem captar. Os agricultores riam entre si, pensando:

- “Pobre menina, pensa que o vento pode pegar. Pobre garota ambiciosa, pensa que a vida pode enganar. A natureza é esperta demais para ela, jamais alguém conseguiria pegar o vento, ainda que em contento, jamais terás alento”. E se puseram a rir, porque a canção do vento (o que diria ela?) não sabia mentir.

Quando não menos esperta a menina surge, mãos fechadas em concha. Olhava para eles com olhos de fascínio, a roupa em pura fuligem, os pés ardendo de tanto correr. E os homens pensaram, “que ela carrega nas mãos”? Seria o vento? Seria possível? A criança fechou as palmas o mais que aguentou, respiração ofegante. Fez mistério, a testa já suando frio. Era chegado o momento.

E ela abriu as mãos, rápida e precisa. Dentre os pequenos dedos, liberta e feliz, saía uma borboleta colorida, as asas ainda desajeitadas. Voou rápido. E se foi. E os homens apenas refletiram, sozinhos em seus pensamentos, que aquela criança era desorientada, prendendo borboletas para depois soltar. Sem admitir, é claro, que por um momento acreditaram que ela havia mesmo aprisionado o vento.

E a menina olhava fascinada, ainda, olhos marejados. Sabia que os eles não compreenderiam. A borboleta colorida era o vento colado às asas, que livre voava, dando cor ao céu. A mais temida e destemida borboleta.

Quem sabe um dia, acreditariam. Já que a vida era nova, a cada momento.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

De joelhos ralados




Ah, coisas de menino. Menino assustado e acuado pela vida. E que menino, assim, não divida, compartilhe, com medo de perder? É menino assustado. É Peter Pan querendo crescer.

Quando me pede um conselho, a vontade é de colocar no colo e afagar os cabelos, olhando para o teto estrelado. Se fosse meu filho não daria tão certo, ou será que quando o vi não reconheci, sim, de outras vidas o fruto de eu mesma? Sim, portanto, com tal alento me pus a conversar e filosofar. E o menino grande filosofa comigo, esperando a mão quente que o encaminha ao pátio pra andar de balanço. E encontra aquela mão autoritária, régua nas mãos, dando aqueles petelecos clássicos de "sôra", pedindo mais calma, mais vida. O menino olha sério, olhos rasos de lágrimas quentes descendo pelo rosto, percebe que o plano não deu certo, era hora de rever as ideias.

E pasmem, ele analisa, friamente calcula o próximo passo. Chuta e a bola cai para o outro lado da cerca. Tenta correr, mas o tênis estava desamarrado e ele cai, se espatifa no campinho de areia, e as lágrimas se intensificam com a queda. Vem cá, ela diz, te ajudo a levantar, mas não esqueça que o tênis sempre desamarra. E a bola de couro rola rua abaixo, o menino fica rubro de raiva e pensa: "que a bola volte sozinha, eu não vou buscar". A bola continua descendo, vertiginosamente pela rua abaixo. O menino resmunga que quer brincar, gosta do jogo e se senta num canto! Ah, garoto teimoso, a bola descerá cada vez mais rápido, a não ser que tu sejas mais rápido e corra atrás do prejuízo.

Depois de muito ouvir ele sai desatinado pela rua, desce a ladeira a passos largos, joelhos ralados, alcança o que quer e olha para a rua de volta. Ah, grande lomba a ser subida devagar. De volta à escola, ele pensa, não brincará tão alto e não perderá de novo. A não ser que arrisque todo o bom futebol de hematomas nas pernas, pra brincar, brincar, amar, viver, pensar, correr. E não deixar a bola ir embora de novo.


Ah, menino, não chore.
Tu és sensível e forte, como os super heróis.
Só não deixe de brincar de bola.
A vida passa e a gente nem sente.
E se olhar firme, de repente.
Lembra-te que a velha bola de meia repousa no mesmo lugar.

sábado, 25 de julho de 2009

DESvinculando




Ah, porque todos buscam a liberdade, se na maioria das vezes, se apegam aos outros com tamanho afinco, que por segundos parece, se forem embora, é como se tudo acabasse? Nascemos e morremos sozinhos, sem companhia, mas ainda assim queremos sempre uma muleta para nos sustentar.


Amor, amar, somos sim vinculados a estes dogmas da sociedade. E quanto tempo passamos sofrendo, buscando incansável e sempre, por um amor que julgamos de verdade? O mundo passando em velocidade máxima... e nós ali, patinando na mesma pista de gelo, achando que o sofrimento é nosso e não da 'torcida do Flamengo'. Somos domesticados e adestrados para o amor, como se a regra fosse uníssona, pronta e determinada. Como nestes rótulos de xaropes milagrosos. LEIA BEM A BULA. O amor pode ser prejudicial à saúde. E os efeitos colaterais não são indenizados pelo laboratório.


Que texto mal amado, amor é ouro, brilha como prata, sim, maravilhoso. Contanto que possamos administrar bem as doses, lembrando sempre que o elixir é para a saúde do nosso corpo e não para deixá-lo mais doente. E como a paixão é apenas um sintoma, não queira buscá-la a vida toda. Paixão evapora como água na chaleira. Mas se deixar em fogo alto, contradizendo os demais, dura mais.


Ah, quisera eu o mundo dos contos de fada.
Mas nele não existem jornalistas como eu, então, quem irá cobrir o casamento de Cinderela?
O mundo real pode ser mais divertido.




domingo, 19 de julho de 2009

Impossível não surtar - Parte I




Todos temos motivos diários para surtar (do verbo entrar em parafuso - cavocar o cérebro - bater o tico e o teco). Mas NENHUM é mais forte do que enfrentar o pior dos martírios diários de um ser humano. A destemida e temerosa BR 1 - 1 - 6. Sim, ela mesma, comprida que dá dó, repugnante como ela só. Uma via estreita, mal conservada, estupidamente o local favorito - e único - para se cruzar o Vale do Sinos à Capital. B e R, como tal, devem ser as iniciais de Bomba Radioativa, já que seus efeitos diários, ao longo do período, são máximos na arte de estressar um ser humano.


E aqui nem enquadro os bebuns desgraçados que bebem uns goles a mais e - diabos! - sempre se safam na hora de um acidente, matando invariavelmente um inocente - que de tão tolo não se ofereceu pra dirigir. Ou simplesmente estava na hora errada, no lugar errado, como amarrando os sapatos debaixo de um guindaste. Ah, a facínora rodovia da morte, sempre adorando engolir os que misturam álcool e direção, ou que por um tropeço do destino cruzaram com um da espécie. São os favoritos dela.


Mas fora este item, me refiro aqui à barbárie dos congestionamentos, provocados pelo bem aventurado financiamento de veículos que cresce vertiginosamente no Brasil. Sim, comprar um automóvel está cada vez mais fácil. Faça prestações em 5 anos e terás um carro 0km, cheirinho de novo que demora a sair. Mas não esqueça que terás que expô-lo a esta estrada do inferno. E a todos os seus acessórios:


- Os motoristas JUCAS e seus braços curtos, andando a 60km/h na pista da esquerda e freando o veículo na frente da Polícia Rodoviária Federal. Por favor, avise a todo motorista JUCA que vc conhece que aquilo é um contador de veículos e não um radar; os que estão aprendendo a dirigir; os desorientados, que não sabem em que viaduto entrar e ficam reduzindo em cada um que se aproximam; e os condutores de ônibus sonsos, que não precisam ser um do Centralão, mas também não precisam abusar da paciência do passageiro.


Culpa de quem comprar um carro?????? Oh, Deus, é claro que não!!!!! Culpa deste maldito governo que não planeja o crescimento desenfreado da frota e que bem dizemos aqui no interior, "querendo enfiar Porto Alegre dentro de Novo Hamburgo". Se a BR 448 vai sair do papel e o trem vai chegar em NH... só o bom Deus sabe. Até lá, vamos convivendo com este calvário, desejando do fundo do coração que a BR - sim, a bomba radioativa - caia bem no meio da rodovia, explodindo tudo e trazendo a sensação de caos máximo, porque assim a gente vive, comenta, registra e depois esquece. Já que doses homeopáticas de terror... Ninguém merece.


sábado, 11 de julho de 2009

Sarney pra se coçar

Já reparou como as pessoas passam boa parte do tempo lamentando a realidade brasileira? Dizendo a si mesmas que poderiam ter feito algo diferente. "E se eu tivesse sido assim... agido assim... pensado assim...". E aí por diante, para trás como um dvd sem rumo, rodando no aparelho, como se pudéssemos escolher as cenas, em um menu gigante. Será mesmo que a vida não teria mais graça (ou desgraça) se nos permitíssemos o poder de colocar em prática nossas escolhas?


Alguns hipócritas dizem que votam bem. Afinal, cada um pensa como tal, não há ordem cronológica de pensamentos semelhante no mundo, e a política, como nossa existência, é esta grande confusão. Ou não.


Mas ninguém age. Agir no sentido de eliminar insetos em nosso futuro, enquanto o presente é podre. O Sarney, aquele demente sovina, é um deles. Faz o que bem entende com o nosso dinheiro, a gente reclama nas rodas de cerveja, no ônibus, na padaria, no jornal. E? E pra que porra serve isso, se quando as eleições se aproximam, bancamos atores do melhor da sétima arte: o cinema mudo. E pasmem, fazemos isso com aquele ar nos pulmões. "Não voto em ninguém porque ninguém presta!". Clap. Clap. Clap. Congratulations.


Isso mesmo, Senhores! Sejamos os cegos que enxergam e não querem ver. Os cegos do castelo (é, este mesmo, o castelo dos bem aventurados). Os fanfarrões que votam em branco, porque é disso que o Senado precisa. De um bando de ignorantes semianalfabetos, orgulhosos de suas mentes vazias! Continuemos a colocar nas páginas de jornais nossas opiniões furadas, cobrando do governo que nós mesmos colocamos lá. A corja não está no executivo, no legislativo. Nos mais de 500 Deputados Federais que mamam nessa grande teta, do leite que nós pagamos. A corja está do outro lado da urna, em nossos dedos pressionando teclas a favor de bandidos. E achando bonito (Isso aí!!!!!) o que fazem com nosso salário de bosta. Do salário que optamos ter.


E então, quando a Copa do Mundo chega, o brasileiro se aguarra ao seu patriotismo barato pra torcer pela seleção do país do futebol. Bandeiras amarelas e camisetas conhecidas entram em campo, no cenário mais amoroso de todos os tempos. E como somos apaixonados!!! Gastamos o que não temos nos pacotes de tv a cabo, somos os brasiburros, orgulhosos de nosso país, cada vez mais sujo.


Um grande viva à putrefação coletiva!
Hey. Ho. Let´s go.



domingo, 5 de julho de 2009

Com quem será? Com quem será?






Que a Cris vai casar? Bueno, enquanto espero com ansiedade pelo enlace de meus queridos amigos Nessinha e Maicon, aqui vão as sugestões que me tiram o sono: com quem será que devo casar? Ajudem-me.
1. O chifrudo. É mais prático, já vem corno.
2. O gordo bebum. Chega em casa e dorme.
3. O velho. Morre logo, me deixa a herança.
4. O rato. Não preciso perguntar: "Você é um homem ou um ..."?
Ó. Dúvida Cruel.








terça-feira, 30 de junho de 2009

Ao(s) mestre(s), com carinho




Enquanto muitos se desesperam com a derrubada do diploma de uma profissão imprescindível à retomada da ética, me reservo aqui ao direito de falar de duas pessoas maravilhosas, que nunca se formaram em bancos acadêmicos, mas que muito me ensinaram sobre a paixão por este exercício diário de dedicação, paciência, olhares. São os dois grandes 'papas' da área, entendidos, até demais, sobre o que é ser um jornalista. Aprenderam com a vida, aprenderam com o coração. Aprenderam no dia a dia de uma redação o que é mergulhar na vida de outras pessoas e contar a mais pessoas sobre cada uma delas. São histórias que se fundem, em personagens distintas que tomam forma de contos, narrativas, exposições do cotidiano. Lembro-me bem de que cada dúvida era respondida com um exemplo. E lembro-me de sair sempre melhor daquelas conversas intermináveis no fim de tarde. Das muitas lições que uma grande e incomparável dupla me deixou. A dupla ‘Feijó & Decker’.

Não se trata de uma marca de ferros de passar roupas, mas estes dois estavam sempre passando pela concorrência a passos largos. E sempre de maneira ardilosa conseguiam as grandes reportagens que muitos profissionais de hoje ainda esperam sentados em frente à tela do computador. Os formados, os estudantes, os graduados, os estagnados. São eles que hoje fazem um jornalismo que, em raras e competentes exceções, nem se compara aos bons tempos onde a visão de mundo estava na rua, na calçada, em uma árvore sendo podada. Na Dona Maria, no Seu João, nos afetados pelas notícias diárias. Na busca da informação que corria nas veias, o sangue do repórter de verdade, que respira a profissão. A reportagem de campo. Onde conseguir um “furo” de reportagem era uma questão de honra e de amor. E não apenas um dado de ibope.

Aurélio Decker e Alceu Feijó serão minhas eternas referências de tudo que há de melhor na profissão que escolhi seis anos atrás. São minha perspectiva clara de que as histórias contadas por ambos valem a busca do resgate do verdadeiro jornalismo. Um jornalismo sem dívidas, sem dúvidas, sem interesses. O jornalismo visceral, que vem da alma, a paixão em seu verdadeiro significado. Puro em sua essência mais clara. Límpida como toda história deveria ser. Sim, o jornalismo com diploma, mas um exercício muito além disso.

Eles são o exemplo mais caro e mais raro de duas pessoas que se formaram em uma escola única: a da vida. A do mercado. A da falta de rotina. A da emoção. Aos mestres, com carinho, meu ‘muito obrigada’. Pelas tantas vezes em que queria ter nascido 70 anos atrás, para hoje contar as mesmas histórias a meus netos e bisnetos. Espero, no futuro, poder narrar as minhas experiências diárias. Nunca com a mesma intensidade. Mas sempre com a mesma admiração.
Aos meus dois mestres, meu duplo carinho.

domingo, 28 de junho de 2009

Michael Jackson Nariz de Tesoura




Confesso que "me caiu os butiá do bolso" quando soube que MJ tinha morrido. Ele era uma dessas pessoas quase imortais, que não esperamos ler sobre a morte nessa encarnação. A impressão que sempre tive era de que Michael era feito de gelo, cera e outros materiais hipoalergênicos. Ele era de aço.

Mas como todo ser humano provido de carne, ossos e plásticas intermináveis, um dia, eis o dia, o organismo do mito resolveu puxar o fio de eletricidade da tomada. Resolveu apagar aquele rastro de energia. Fruto do aquecimento global.

O coração de Michael, apertado sob o peito branco da fera, gritou de lá de baixo. O suficiente para se fazer ouvir ao genial e genioso cérebro. O único que escapou das intervenções cirúrgicas.

- Ei! Ei! Escuta aqui, porra! Cansei dessa merda. To caindo fora!
- Foda, né, cara? Mas te entendo. Visse que ele guarda restos de nariz?
- Vi, não vi. Mas senti que o cara lamenta pacas essa loucura de arrancar pedaços.
- Isso se chama tecnologia. Chama-se avanço da tecnologia.
- Arrancar pedaços do nariz? Virar um astro de Tim Burton?
- Nossa, nunca tinha pensado nisso... é mesmo... ele parece muito com...
- Com?
- Edward! Mãos de tesoura!
- Nossa! É mesmo - bateu forte o coração.
- É isso! Edward Jackson.
- Ou seria Michael Mãos de Tesoura?
- Não sei. Mas pense só... Vive num castelo, só. Arranca pedaços do corpo...
- É mesmo, cara. Isso é coisa de maluco.
- Mas as coincidências não param por aí.
- E?
- E Jackson também nunca teve um pai de verdade.
- Ah isso, é... Eu senti por muitos anos... Era como ser frio com aquela figura.
- É... Por isso ele batizou essa caixa de concreto de Neverland.
- A terra do nunca...
- Síndrome de Peterpan?
- Claro. A terra do nunca fui criança.
- Sim. Mas voltando a TIM Burton... Quanta bizarrice, não?
- Muita.
- Tenho pena dele. Aqui em cima, o cara é um gênio. Já aí embaixo...
- É... Mas to cansado dessas doses diárias de medicamentos.
- Entendo. Em que mais poderíamos comparar ele com Edward, antes de eu partir?
- Ele não tem as mãos.
- Porra, nisso nunca tinha reparado. Espera... tomar no cu, as mãos estão aqui sim.
- Estão nada. Isso são as tesouras dele, disfarçadas de mãos.
- Tesouras para que?
- Para arrancar cada vestígio de um Michael só. Solitário.
- Ainda que cercado de fãs?
- Ainda que cercado de ninguém.

E o coração se enjoou daquela merda toda e resolveu ter um ataque fulminante. O cérebro tentou intervir, mas já era tarde. Morria ali, em poucos segundos, uma lenda, moradora de um grande castelo, longe da realidade, do mundo. E depois de tantas cirurgias, o que sobrou para ele foi uma última intervenção. Com as próprias mãos, ou melhor, tesouras, os médicos fizeram uma necropsia. E constataram o horror: o coração era uma pequena pedra de gelo, esculpida de forma fria. A própria vida de encarregou da arte final.

domingo, 21 de junho de 2009

Um pequeno bebê




Estranho é olhar para trás e lembrar que aos 20 anos eu pensava que jamais quisesse ou almejasse ter um filho. Até então, em minha rica imaturidade, um filho era o Centro do Universo e roubaria a mim mesma de meu próprio lugar. Jamais teria tempo para qualquer coisa que não fosse o fruto de 9 meses com a barriga empinada. Sentindo enjoos e cólicas intermináveis, ah, a desgraça de ser mãe. Benditos sejam - ou fossem - os anticoncepcionais, ou como dizem as mais sádicas, as "boletas salva-vidas".

Pois que na semana passada estava indo para meu novo desafio diário de vínculo empregatício quando topei com o ônibus semicheio e, por coincidência, preferi não sentar no meu banco de sempre. Aconcheguei-me no canto da janela para dormir um pouco. Mas o sono não veio. Algo de estranho estava acontecendo. No ponto seguinte, várias mulheres e homens que fazem o mesmo trajeto, o bem denominado Interior-Capital, entraram no mesmo ônibus. Uma, em particular, sentou ao meu lado. Duas pessoas na verdade. Ela e um pequena menino, de no máximo 5 meses. Parecia um tufo de lã, o pobrezinho. Mãe precavida é outra coisa.

Tentei, tentei, mas não adiantou. Tentei evitar cruzar o meu olhar com o dele, mas foi impossível. Tal parecia um raio aquele olhar aceso por duas íris azuis que foi inevitável olhar para ele. E no momento em que o enxerguei era como se um raio pudesse atravessar meu coração. Um sentimento estranho, quase bobo, que nem uma mãe às vezes sabe explicar.

O bebê me olhava com tal doçura que se eu pudesse definir aquilo, naquele momento, eu diria que era um olhar milk-shake de OvoMaltine do Bob´s, docinho e perfeito. E não é que o danado abriu aquela boca banguela pra mim? Mas que pra eu me derreter toda não deu um minuto, até que a mãe me olhou, já meio emocionada e disse:

- Lindo meu filho, né?
- Perfeito. Que coisa querida. Qual o nome?
- Bruno.
- Olá Bruno! (já com aquela cara de idiota, segurando a mãozinha dele)
- Diz oi pra tia, filho! (como se o pobre soubesse falar)
- Oiiiiiiiee (a tia aqui, estúpida, tentando o fazer falar)
- Tu é mãe? (perguntou ela)
- Não..... (respondi eu)
- Estranho... tu tem olhar de mãe!
- Iiii (pensei eu, já sabendo que estava naqueles dias, portanto, nada de filhotes). Olha amiga, não sei te dizer, mas mãe é uma coisa de instinto né? Acho que toda mulher nasce mãe.
- É verdade. Mas mãe de verdade só nasce junto com o filho.

Era um papo "mãe" total, mas desci do ônibus no ponto certo, que já se aproximava. Olhei para a minha barriga e fiquei me imaginando com aquele "panção", e mais! Com o bebê no super, passeando no parcão, vendo as pessoas olhando para meu filho ou filha com cara de idiotas.

Antes disso dei um tchauzinho pro Bruno, que continuava ali, me olhando. Tal como se eu fosse a própria mãe. Tal como se eu pudesse amá-lo de forma gratuita.

É... toda mãe nasce com o filho. Mas já é mãe bem antes dele nascer.

domingo, 14 de junho de 2009

A difícil - e impossível - arte de jogar fora o que não presta.




Sabe quando você encontra um objeto enquanto procurava o outro? Lá estava você revirando as gavetas atrás do seu celular (que ficou no silencioso) quando... plim! Aparece o seu carregador de celular. Primeira reação: "não acredito"! Segunda reação: "aff. vou deixar isso aqui porque estou atrás do meu celular". Sem saber, claro, que o seu celular esquecido já está sem bateria.


E assim passamos a vida, achando coisas... ignorando outras... buscando algumas que talvez nem estejam na nossa grande gaveta chamada existência. Tenho a nítida impressão de que a minha está sempre revirada... mas, como dizem as boas desculpas, me acho na minha bagunça.


Se sinto aquela gangorra diária - de boas idas, de más vindas, ou frente verso colorido, apesar de estar viva, ainda tenho alguns enjoos no estômago. Como se quisesse saltar de uma vez só, pra ficar deitada, vendo a banda passar. Pelo menos assim meu estômago estaria no lugar. Ainda que de lá no chão, eu não sentisse a emoção do alto. O perigoso alto. O alto da montanha, de ar tão rarefeito.....


E quando a ânsia de vômito vem, às vezes é melhor colocar o dedo na garganta, sentir tudo de mau saindo da sua vida, esquecer o que te persegue todos os dias.. e como numa injeção de ânimo, absorver a deliciosa sensação de sangue novo jorrando nas veias. Ah, a sensação pós-refluxo, que deixa "grog" no início, mas depois de traz a sensação de alívio. Como se nunca o gosto de estragado estivesse ali, no suco gástrico do seu estômago. Como se o tempo jogasse ar fresco no seu rosto e fizesse você levantar de novo.


E te puxasse pra cima, como uma força inexplicável, que ergue seus braços, dá um tapinha nas costas, diz o quanto você está pálida, mas de uma forma ainda reconfortante declara:


"Ora, como você está abatida. Mas vai passar".

Oh deliciosa vida, pronta pra mais uma vez a sua gaveta desarrumar.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Porque o 1° mundo é aqui




É, continua o mistério. Onde foi parar o A330 da Air France? Sabe-se lá.


Mas este acidente quase me lembrou um dia frio de julho, mais precisamente um dia 17, há dois anos. A cena era praticamente a mesma da vista hoje no aeroporto do Galeão. Parentes desesperados, angustiados por falta de notícias. Eu disse quase. Quase.


Porque hoje, enquanto a imprensa se esbofeteava pela notícia mais esperada, a lista de passageiros, os familiares já iam sendo avisados, um a um. Sem alarde, sem sensacionalismo, sem qualquer tipo de constrangimento. Não se sabia quem era amigo/parente de quem. E isso porque o voo nem havia sido incluído nas estatísticas de acidentes aéreos. Tudo na mais absoluta discrição. E enquanto a França mexia seus pauzinhos, o Brasil já disponibizava caças, navios e todo uma parafernália para a localização da aeronave.


Do outro lado do Planeta, estava o indefectível Nicolas Sarkozy, presidente de France. Um verdadeiro chefe de Estado, que pessoalmente foi ao aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Foi falar com os parentes das já sepultadas (no mar) vítimas. Quis dizer frente a frente que estava tudo, sim, perdido.


Da mesma forma que as pessoas se aglomeravam em frente ao guichê da TAM, no Salgado Filho, lá em 2007. Era um grito para aqui e um palavrão para lá. Um desespero que pesava até nas costas de repórteres que como eu, só estavam ali para confirmar listas de passageiros, trocar uma ou outra palavra com alguém. E enquanto isso, com o mesmo respeito de Sarkozy (aham), Milton Zuanazzi, ex-presidente da ANAC, "se fazia de louco", como bem dizem no Sul. Informação que era bom, nada. E mais uma vez, num exemplo de como as coisas funcionam bem no Brasil, os familiares foram colocados numa salinha e pela Rádio Gaúcha ouviram os nomes de seus parentes. Psicólogos? Atendimento? Ná. Pra quê?


E antes que me perguntem se o Lula compareceu, esqueçam, é óbvio que não.
A pergunta que não quer calar É: alguém lembra de Luis Inácio investigando de perto ou mandando o pobre do Alencar acompanhar de perto investigações sobre um desastre aéreo?


Uhum. E é por estas e outras que os acidentes da Gol, em 2006 e da TAM, em 2007, continuam do jeito que estão. Um desastre.


É por isso que eu amo o Brasil.

domingo, 24 de maio de 2009

Prendam a mãe




Se há algo de tosco nesse mundo, com certeza o TOP da lista é o programa de um ser mais escroto ainda chamado Raul Gil. Um verminoso que ganhou espaço na televisão aberta, cada dia mais infestada por bactérias. Sim, é no programa dele que se lançam seres inigualáveis como Maísa, o pequeno polegar de seis anos. Um objeto de repúdio ao que existe de mais nobre em uma criança: a ingenuidade.


Pois que Silvio Santos, o presidente da Associação dos apresentadores com mal de Alzheimer, resolveu tirar Maísa de suas origens dançantes (com calças colantes) de Raul Gil. A trouxe para o SBT (Sistema Brasileiro de Tosquices) pelo preço módico de 20 mil reias/mês. E naturalmente, a mãe desta criança, que possivelmente sempre almejou a fama, não achou de um todo ruim.


E pois que a mídia tornou Maísa um ser admirável (???). A criança de dotes surpreendentes, que lê e conta em Inglês. A super inteligente Maísa, que aos seis anos desafia todos os limites. Exploração infantil, escória, repúdio, de novo. Quanto mais bem ensaiada, mais espontânea? Sim, mais visível às câmeras. Que Maísa não viu quando rachou a cabeça numa delas. Ora, o pequeno cérebro sacolejou no vazio de sua caixa craniana. E nos próximos 4 minutos, os poucos que assistiam aquele programa viram Maísa sem ensaios.


Chorosa, confusa, perdida entre roteiro e vida real. Parecia ter cheirado 4 ou 5 carreirinhas de cocaína. E ela virou criança de novo, assustada com monstros de mentira. E clamou a Silvio Santos que a deixasse ir. Foi à mãe, que a mandou de volta. E Maísa voltou, tal como um extrato bancário ambulante.


Todos sabem o final de Maísa, quando a poupança já gorda estiver vazia.

Talento não há. Então a pequena, já adolescente, terá casos estranhos com presidiários, filhos bastardos, tomará o rumo da fama pegajosa novamente.


Bendito Ministério Público de SP que interviu no momento certo.

Porque Maísa é fruto de prostituição barata.


E que vai afundar junto com o SBT.

sábado, 23 de maio de 2009

O perdão




"Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem".

Dizem que Jesus disse isso, não sei, não estava lá para gravar na coletiva de imprensa. Só sei dizer que se Jesus disse mesmo, ótimo, pois no mundo só ele mesmo poderia ter dito.


Não gosto e nunca gostei da palavra "perdão". Ela sempre coloca o outro (o que perdoa) na posição de superior. O "perdoado" é o pecador, o infrator, o mal feitor. E a gente se sente entrando em histórias bíblicas. Ah, a Bíblia, o livro que alguém escreveu e chamou de Santo. Leituras cansativas, palavras escolhidas pela Igreja Católica (opa, opa, que de Santa não tem NADA). E aí, todo mundo acreditou. Fé por fé, prefiro a minha, obrigada.


Mas fato é fato, dizer "eu te perdoo" deveria ser proibido. Espere, quem é você para perdoar? Santo Expedito? Santa Rita de Cássia? São Cristóvão, talvez? Espere, que posição é essa que você assumiu de perdoar alguém, como se nunca tivesse errado? Como se o mundo fosse perfeito, e tão somente para você? Ora, perdoe a si mesmo. Olhe para dentro de si, e tente entender o que eu também não entendo.


Se tens o passado limpo, não esqueça que ainda há um futuro.
E se ainda assim estiver tudo desinfetado, olhe com atenção.
Só os SEUS olhos veem a perfeição.

terça-feira, 19 de maio de 2009

É popular




Ah, se tu soubesse o que é subir aquelas escadas largas, passo a passo se acomodar ao campo verde e imenso. Ir até as nuvens com o pulsar dos tambores, cantar. Ser um verdadeiro apaixonado. Amar.


Ah, se tu soubesse que o hino é uníssono, fruto de milhares de vozes entonando o mesmo canto. E quando te emocionas cai no pranto, sem medo de chorar. E o coração continua pulsando como uma música cheia de notas destendidas. É grito de ouro, a torcida, que embala o time pra ver a vitória passar.


Ah, se tu soubesse que o poder do canto alimenta a alma, que a torcida não cala diante do inimigo, pequeno espaço humano destinado ao adversário, para degladiar. E seu canto fica pequeno diante do coral de desafinados e profissionais que no dia seguinte não têm mais voz: todos ficam com a garganta em rebuliço, é hora de cantar, cantar.


Ah, se tu soubesse como este time é popular, o suor que sai de negros e brancos é o mesmo e tu não vês nada além do óbvio: se perdemos ou ganhamos somos os mesmos, não são diferentes os que caem e levantam, de novo. São apenas do nosso idolatrado amor, o altar do povo.


E se souberes um dia o que é este amor, te digo que não se explica, não se desenha, não se desdenha.


Porque o Inter é a academia do povo, da popular, onde o canto é apenas a alma flutuando.
O jogo está apenas para começar.


quarta-feira, 13 de maio de 2009

(NÃO) Cala a boca, Magda!!!


É... NÃO cale a boca, prezada Magda Koegnikan. Esclareça, coloque mesmo a m* no ventilador. Traga ao Rio Grande do Sul o que dele, o Estado aguerrido e bravo, do que não serve de modelo nem à terra de ninguém. Bom mesmo, aqui, só o Inter. O resto...


Pois que a mulher abriu o "jacaré" na Rádio ABC e falou bonito. Muito me admiram as mulheres que saem da sombra e representam a categoria da gaúcha, apesar de brasiliense. Maga foi para as páginas da Veja e não se contentou: vai largar todas as gravações as quais terá acesso na Internet. Desta vez, nem Susan Boyle será páreo.


Magda foi além. Disse que aqui no Sul "matam um, morrem dois". Voos ou caronas pra cá, nem pensar. Que os capangas que hoje viraram carrascos já comeram em seus pratos de porcelana. Que muitas outras coisas vêm por aí (leia-se próxima edição da Veja). Que o "Marcelo já dizia há muuuuito tempo que o Governo gaúcho não era flor que se cheire". E que o governo gaúcho é o pior do Brasil.


Medo. Muito medo.
Mas se tivermos um processo de impedimento, aleluia aos céus, e que venha alguém pior.
Porque melhor, em uma árvore cheia de frutas podres, é difícil. Muito difícil.

Aliás. Os 40 milhões desviados na fraude do Detran estão rendendo bem na poupança.
Espero que o "Lobinho" Lair Ferst tenha assistido ao pronunciamento do Guido Mantega.




sexta-feira, 24 de abril de 2009

Susan, a feia




Sim. Desprovida de qualquer beleza, acima do peso, cabelo mal cuidado, o patinho feio. A mulher que arrancou risos de uma plateia acostumada com grandes ídolos. Ah, Susan, que de tão bizarra chocou até os jurados de um famoso concurso britânico de talentos. Susan, sim, com sua melhor parte, a mais feia, a mais fora dos padrões. Susan. A mulher que deu um tapa de luva no mundo. Susan.


Tímida, 47 anos, nunca foi beijada. Uma mulher como tantas outras, carente de uma única chance, que chegou quase aos 50, mas chegou. Sim, agora o mundo conhece Susan, a dona de uma voz que arrepia nos primeiros acordes. Susan, escocesa, interiorana, roupas desalinhadas. A verdadeira Cinderela dos tempos modernos.


Mas aqui não comento o vídeo que circula na internet, com sua interpretação brilhante de "I dreamed a dream". 22 antes, está divulgado um outro vídeo, quando em uma reunião familiar Susan canta para os parentes. O mesmo estilo, o mesmo cabelo desgrenhado, a mesma maneira de ver o mundo. Solitária, ainda que cercada de muitas pessoas. Perdida na própria música, cantando para se alegrar. Um dom raro, de rara beleza. Susan e sua voz que nem os pássaros ousam imitar. Na própria solidão, enchendo a sala com tudo que há de melhor no mundo: a música.


E porque não pensar, que muitas Susan´s habitam o mundo, num solo que não ecoa a ninguém. Susan, olhos pequenos e apagados, ganhou mais do que qualquer um poderia ganhar. Para os jurados, um novo talento, um diamante bruto a ser lapidado. Para quem estava na plateia, um raro talento que fez chorar e arrancar sorrisos atônitos.


Para Susan, apenas a sensação de ter sido vista pela primeira vez em toda a sua existência.
O palco virou para ela o centro do Universo: finalmente, ela era alguém.
Susan é um ser humano agora.


Ao contrário de muitos de nós, ela conseguiu ser vista pelo mundo.
Mas conseguiu provar a si mesma, antes de todos, que poderia.
Nem que fosse por um único segundo.

sábado, 18 de abril de 2009

Piedade




Quando um grande crime movimenta a cidade - principalmente quando ocorre na "high" hamburguense - ficam os dois lados da moeda: de um, a imprensa, preocupada em narrar os mínimos detalhes. Do outro, familiares, amigos, fechando os ouvidos e os olhos para o que é repassado pelos veículos de comunicação. É uma adrenalina dos dois lados. Interesses diferentes. Geralmente, a imprensa compreende os familiares, ainda que na maioria das vezes sejam denominados de "urubus". A família não compreende o trabalho dos jornalistas. E aqui cabe, não estou fazendo uma crítica. O bom repórter compreende que a família está dolorida. E não há como deixar de respeitar um momento como esse.


Quando o Maheus, operador da rádio ABC, me ligou às 06:04 da manhã de quarta, foi direto ao ponto: mulher matou irmã e sobrinha na Vila Rosa. Naturalmente, mesmo que quisesse, eu não conseguiria dormir de novo. Me aprontei rápido e fui pra lá. No primeiro boletim, peguei as informações com um sargento da Brigada. Na hora, não liguei os pontos. Só depois de chegar ao prédio, um luxuoso condomínio, me dei por conta de quem estávamos falando. Conheci a Roselani há cinco anos, quando trabalhava em uma agência de publicidade. Sim, naquela época a empresa já estava quebrando, mas ainda assim, a pose era a sempre a mesma.


Mas não quero aqui julgar a prepotência ou a depressão da empresária. É muita hipocrisia da parte das pessoas apontar agora uma mulher que cresceu em valores distorcidos. Na carta, ela se refere à mãe como "amarga". O pai se matou há alguns anos. A sobrinha, antes de morrer, se queixou à tia por não ter "uma mochila de marca". Toda a família parecia viver o Deus Dinheiro. E esse Deus é tão benevolente como maquiavélico.


Da história todos sabem, nos mínimos detalhes, por isso não vou aqui contá-la de novo. Mas ontem, três dias depois, quando a imprensa passa a buscar os últimos refugos do caso, localizamos o pai de Maria Francisca, um obstetra canoense. Quando liguei para o consultório, me passaram para um tal Cristiane, que foi concisa:


- "Cristiane, te peço que tenha piedade desta família. Já fomos massacrados pela tragédia, já perdemos nossa Chiquinha, já fomos esmerilhados pela imprensa. O que vocês querem? Só peço isso: PIEDADE." E desligou.


Naquele momento, me envergonhei de ser repórter. Sei que este é um pensamento passageiro, pois continuarei a contar histórias. Mas todo jornalista precisa disso para voltar os pés ao chão, desprendido de seu ego aniquilador. Estamos falando não só de Maria, Rosângela e Flávio. Estamos falando de muitas pessoas ligadas a eles. Incluindo uma mãe que vive sedada desde então, após ver uma filha matar a outra.


Aos que batem nas panelas da justiça, a outra personagem, Roselani, que de madame passou a malvada, terá sim, o seu pior castigo. Para ela, o martírio será continuar viva.


Por fim, digo agora, de cabeça fria, que o crime choca e revolta, mas não espanta. Novo Hamburgo está cheia de famílias com sobrenome bonitinho e fábricas falidas. E como se orgulham disso! Basta ir às famosas festas da "nata". Devem mundos e fundos. Mas perder a coluna social... jamais.

sábado, 11 de abril de 2009

Academia do povo




Não sei bem onde começou minha paixão pelo Inter. Nunca fui ligada em futebol, mesmo tendo nascido colarada. Minha irmã é que me colocou no mundo do fanatismo. Só fui conhecer o "Bera" em abril do ano passado, quando um grande amigo me levou até lá. E já passei por situações tão maravilhosas lá dentro... O Beira é um templo. Depois de muitos anos, foi lá que eu revi uma estrela cadente, foi lá que me apaixonei por este time, me apaixonei por tantas coisas... o vinho na entrada, fotos, coração batendo. O Inter é mesmo o sinônimo da paixão. E não é à toa que muitas paixões começam lá dentro. E dificilmente acabam aqui fora. O Gigante é como se fosse um caldeirão aconchegante.


Mas no último Gre-Nal, eu nem estava preparada para ir quando meu primo me ligou. O Matheus já foi dando as coordenadas e tudo que eu fiz foi resgatar minha camisetinha batida do armário. Mas ele já foi avisando: vamos pra POPULAR. Ah.. a POPULAR que eu só via de longe, sentadinha nas cadeiras sociais, onde um bando de bundinhas, ainda que colorados, fica vaiando o time qdo um tropeço é registrado... Pensei: e porquê não?


E lá fomos nós, num chuvisco daqueles chatos "molha chapinha", uma brigaçada na rua, estacionamos perto do Gigante e nos tocamos pra Guarda, antes das 3 da tarde, quando o jogo só começaria às 5... mas era preciso chegar cedo pra "pegar um lugar". Aos poucos, aquela massa colorada foi chegando, e AI! de quem não estivesse cantando, porque aquele era o lugar de hinos e glórias, e não de assistir a partida. E enquanto os azuizinhos se esgualepavam pra pegar a bola, o Inter deita e rola, mostrando que esta terra tem mesmo patrão.


E talvez pela empolgação, nem vi quando ele se aproximou. Corpinho mirrado e moletom sujinho, ele veio se chegando de mansinho, pra ver o jogo e o time passar. Mal tive coragem de reclamar. O guri não pagou a entrada, subiu uma baita escada e foi pra Popular. Se encostou na grade e me olhou de mansinho, como que justificando a invasão.


- Oi!

- Oi (tímido...)

- Como é que é teu nome?

- Bruno.

- Espero que tu sejas colorado, Bruno! Se não te jogo ali no campo! (risos)

- Sou sim, tia!!!!! (justificando).

- Ótimo, então te gruda aqui que o bicho tá pegando!

- Ahhhh (olhar extasiado pro campo)

- Tia, quem vai entrar agora?

- D´Alessandro!

- Oba!

- Aham!

- Bruno, como é q tu entrou aqui?

- Eu disse pro segurança que ia entrar pra pegar dinheiro da mistura.

- Hmmm... e tu conseguiu?

- Um pouquinho sim.

- Legal!

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!! Índio!!!!

Uhul! Vamo Vamo Inteeeer.....

Eu, meu primo, o Vini, amigo dele e o Bruno nos abraçamos. Ele meio que não entendeu, mas abraçou de volta.

- Nossa!!!!

- Legal, né? Q golaço!

- Aham...

- Vamo, vamo, Bruno! Bora cantar, isso aqui é a popular!

- Aham!!!

- Tia.

- Fala!

- Meu sonho é ter uma camiseta do Inter.

Quando ele falou isso, meu coração ficou apertado. Mais do que quando ele tocou na questão do dinheiro. O Bruno não me pediu a grana. Mas naturalmente, na saída do jogo, eu ia dar aquele dinheiro pra ele. O necessário pra comprar uns bons quilos de arroz e feijão. Mas o lance da camiseta.... era a prova de que ele tinha entrado ali com a agonia da humilhação, mas com o desejo infantil e verdadeiro de assistir àquele jogo.


De repente, a torcida começou a ficar mais fervorosa. O Bruno se soltou, dançou com nossa popular, gritava, colocava os braços pra frente. E nos minutos finais, ele me olhou bonito, se enfiou no meio da torcida e se foi. Chamei, mas a gritaria abafou. Fiquei esperando mais de 15 minutos, na esperança que ele voltasse. Queria lhe comprar uma bandeira, combinar endereço e lhe dar uma camiseta. Queria ter garantido aquela mistura da semana. Mas não ia lhe entregar o dinheiro sem antes uma boa conversa. Queria que aquilo não fosse uma esmola, mas um presente de colorada pra colorado...


Mas tenho certeza que, de alguma forma, o piá se sentiu feliz naquela noite. E eu mais feliz ainda. Porque não há preço que pague, um dia após o centenário do Inter, tu saber, de verdade, porque o Gigante é considerado a academia do povo.


É, Bruno, espero te encontrar de novo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Inacreditável!




*** Há coisas que até Deus duvida. Mas o que aconteceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.... não dá pra acreditar. Duas mulheres, uma confusão no Hospital, uma delas morre e a filha da outra leva a "UMA" pra casa, achando que é a mãe? Medo.


*** Alguns estúpidos do País acharem que a Eliana Tranchesi da DASLU ter sido penalizada em ""exagero" pelos 94 anos de prisão. 1°: alguém acredita em Papai Noel? 2°: e em coelhinho da Páscoa?


*** Efeito colateral: Dilma... Lula... uma cadeira por 4 anos.. mas foi só a crise chegar para a popularidade do nosso barbudo cair uns 10 pontos... é, Lula.... otimismo só com $$ no bolso!


*** O programa "Minha casa, minha vida" deveria ganhar o prêmio honorário de piada do ano! 1 milhão de casas sem prazo? Ok... até os 107 anos eu estarei na CNN.


*** Para o mundo que eu quero descer! Um terremoto atrás do outro.... e ainda tem gente que diz que o aquecimento global não muda nada no mundo. A-ham.


*** Gente, já fizeram o KIt de Páscoa pras crianças da Tia Leontina, da Vila Kipling? Vamo lá!


*** E o Cristovam Buarque que quer criar novas vagas de deputados, eleitos por quem está no Exterior???? Isso! Isso mesmo!!! Aumente o número daquele boteco. A hipocrisia fede...


*** Piada da semana: a bispa Sonia Hernandez quer ser Deputada Federal. A pena dela e do maridinho da Renascer vence em agosto. Depois, ambos estarão livres para concorrer no Brasil. Ahn... vejamos. Brasil = Collor varrido em 1992 e Collor na política novamente. Tá, beleza. Vem quebrar tudo, Sônia!!!


Músicas para se ouvir lendo isso:


"Nós não vamos pagar nada.... cha lá lá lá... nós não vamos pagar nada, é tudo FREE! Porque esse imóvel tá pra alugar!!!!!!!!!!!!!!!" Titãs.


"Você não vale nada, mas eu gosto de você" - Calcinha Preta.


"Eu não tenho nada pra dizer. Tb não tenho nada pra fazer. Só pra garantir esse refrão! Eu vou enviar um palavrão! C%$#" Ultraje a rigor.


Booooooooooooooora.


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Criança, criança...




Já foste uma das minhas filhas favoritas. Ainda pequena, em crescimento, no ventre de um mundo perverso que nos cerca. No dia a dia.


Não me julgue, criança, porque na vida tudo tem um fundamento. Hoje te sentes injustiçada, mal amada, mal tratada, esquecida nas tuas virtudes. Virtudes que morreram dentro de ti, quando desististe de ti mesma, alheia ao mundo que te esperava - e te espera - de braços abertos.


Colocaste o óculos da permissividade, fechando as vistas para o que acontecia. Ainda na tua imaturidade, levaste o mundo ideal para o lado contrário: preferiu o universo do fácil, em vez da luta incansável. Dos que depois descansam, alguns infernizados, outros tranquilos.


Há um mundo de letras imaginárias, nos livros, nos jornais, nas revistas. Um mundo de coisas que te fará descobrir que tua casa de bonecas, de paredes tão frágeis, é só mesmo uma casa de brinquedo. O mundo é cruel, sim, criança. Cruel e dilacerador, e por muitas vezes ele te espanca, pra criar em ti a casca grossa necessária pra continuar. Porque pele sensível rasga - e dói. Mas a pele de cobra só se regenera cortada de uma só navalha, nascendo - de novo - incansável.


Sim, criança, a vida vai ainda te fazer apanhar muito, mas tanto, tanto, que um dia tu te sentirás cansada e irá concluir que: a próxima surra é só o começo, numa série de tapas na cara, que talvez um dia, te farão acordar.


E porque não, pensar.
Que um dia alguém tentou abrir teus olhos.
Mas menina, tu fechou, de novo, as janelas da pequena casa de bonecas.
Boa sorte, criança.
Tu irás precisar.


terça-feira, 31 de março de 2009

Pra quem ainda não conhece!




A Arte de Rodrigo Cypriano oO Vulgo Cypri! :D
Ele e sua dupla dinâmica, Francisco Rafael Friedrich.



segunda-feira, 30 de março de 2009

Tudo passa - Túlio DEK e Di Ferrero.




Porque certas músicas sabem como interpretar palavras.


Na vida tudo passa
não importa o que tu faças
o que te fazia rir
hoje já não tem mais graça
tudo muda
tudo troca de lugar
o filme é o mesmo
só o elenco que tem que mudar
que alterar pra poder se encaixar
se não for pra ser feliz é melhor largar
então se ligue,busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
numa estrela cadente o sonho se faz presente
no compasso do batuque de um coração doente
a fera tá ferida mas não tá morta
Deus fecha a janela mas deixa aberta a porta


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade


Porque o sol não se tampa com a peneira
pra quem já tá molhado um pingo é besteira
renovo minha força vendo o sol se por
pensamento longe renovo meu amor
minha voz faz eco,tristeza que eu veto
não importa qual o papo
o papo aqui tem que ser reto
E cada chaga que a gente traz na alma
é a confirmação de que a ferida sara
e se restaura, já foi cicatrizada
eleve as mãos pros céus
que a tua alma tá blindada
pois ninguém vive conto de fadas
prefiro meu degrau
do que sua escada


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade


Que por sinal é pra subir e pra descer
um degrau de cada vez é assim que tem que ser
tá entendendo o que eu tô falando
caiu a ficha ou ainda tá boiando
minhas palavras pairam pelo ar
e o meu show tem que continuar
por isso eu continuo no rap eu destruo
como dizia ali dou ferroadas e flutuo
que nem no ringue tem que ter molejo
na minha criação a força vence o medo
Sem querer controlar o que sinto
vivo sem deixar sombras no tempo


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade 2x

sábado, 28 de março de 2009

174 motivos




Por indicação de my boss, Rodrigo Giacomet, aluguei hoje o filme "Última Parada 174". Já era minha intenção ter olhado no cinema... mas como o cinema se fue de NH - e tive preguiça de ir ao município vizinho - esperei que chegasse em DVD mesmo. E chegou. E eu olhei. E olhei de novo. E olhei mais uma vez. Pra ter certeza de que tinha captado, com olhos e ouvidos, o que o filme queria passar. E gostei. Não só da produção, como também do que a história do garoto Sandro, drogado (pela vida) e transtornado (pela vida) me fez refletir sobre diversos ângulos. E eu AMO os filmes que me fazem pensar. Pensar não só no que a mídia do "Showrnalismo" nos mostra. A história de Sandro não estava na TV.


Não estou aqui pra contar o filme, até porque é uma boa indicação. Mas pra quem espera uma dramatização do ônibus, melhor ir pegar um desenho animado. Nos últimos 15 minutos de filme o coletivo Central Humaitá aparece em cena. Diferentemente da agonia de 3 horas passadas por passageiros, principalmente por Geisa, a professora que tragicamente morreu, grávida, com um bala de Sandro e três de policiais despreparados.


Mas além da operação mal sucedida da polícia (lembram do caso Eloá?), do assalto ao ônibus que já é rotina, da história de rua do Sandro na qual se tropeça a cada esquina, há uma coisa no filme que nos faz mergulhar na mente doentia do jovem, pensando que a nossa é tão demente quanto a dele. A diferença é que não conhecemos a fome - não no sentido do miserável - nem as chances perdidas que fizeram Sandro conhecer Copacabana como um excluído. E me lembrei dos jovens que entravam comigo no Trensurb no ano passado, que cantam no trem pra ganhar um trocado e que em muitas vezes só esperam um sorriso ou palmas em vez de uma moeda. Mas os terráqueos-Et´s daquela lata velha do inferno mal veem algo além do nariz que cheirou rotina o dia inteiro. E os jovens entram e saem dos vagões sem ao menos terem sido notados.


Acho que a cada dia (ei, eu não acho, tenho certeza), nós cruzamos com um Sandro por aí. É aquele menino que te pediu uma moeda e tu não deste, porque um sociólogo estúpido disse que o piá vai gastar em drogas. Ora essa, então que seja na droga de comida que nos alimenta e nos incha a cada dia. Que seja num livro inebriante, que vicia mais do que cocaína. Que seja em um copo de coca cola, droga mais do que viciante (e carregada pelo caldo negro do capitalismo americano), mas que vá lá, mata a sede de vez em quando. Mas como sempre, é mais fácil negar a moeda do que tratar o problema.


Porque ok, tu negaste a moeda, e ao acelerar o carro e engatar a primeira, numa atitude hipócrita e degenerativa, vais dizer "tomara que um agente social tire esse pobrezinho das ruas". Ora essa. E acreditas em Papai Noel? E na tua benevolência? Acreditas mesmo? Que tal: "tomara que alguém pegue essa bomba, porque eu não tô com saco pra isso".


Enquanto tropeçarmos nos Sandros da rua, estamos passando por cima do direito à vida, constitucional, previsto em lei. A mesma lei do Senado, que agora quer aumentar o salários dos carguinhos de confiaça - uh, teta véia que dá certo! - dos 181 diretores (Q? Achaste que o SARNAey iria mesmo demití-los?????). A mesma lei que impera nas ruas, onde a humilhação dói mais do que a moeda negada. A mesma lei que protege bandidos de verdade, de terno e gravata. A lei do crime, que não faz só as vítimas da capa, mas as que jamais sairão no jornal. E jamais terão outro destino que não as pilhas de inquéritos do verdadeiro arquivo morto da lei brasileira.


Não faço de Sandro, aqui, um herói.
Mas uma vítima que nasceu no ditado que pau que nasce torto nunca se indireita.
Bem vindas, 1 milhão de casas. Até 2078, todas estarão construídas.
Enquanto os Sandros continuam na rua.
Um viva bem bonito à democracia! (Clap clap clap)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Autorretrato obsoleto.





Sim, eu sou Cris W.
Essa mesmo, cheia de defeitos. O inventário.


A mala sem alça, a jornalista. Que mesmo sem um canudo - "se eu tivesse um canudinho..." - se esgana e se empolga com os congestionamentos de proporções gigantescas, batendo no painel e dizendo "Boooora, Oliveira, bora pra essa m*** de congestionamento!". A atucanada com a perfeição, sem nunca tê-la alcançado. A eterna insatisfeita com o próprio trabalho. A chata que cobra, cobra, cobra. E quando pagam, pagam, pagam, a que cobra de novo. A que dorme pensando na matéria nossa de cada dia seguinte. A chata que trabalha a voz, que ainda continua de caminhão de pamonha. Sim, ela mesmo, que liga pra fonte 78 vezes por dia pra conseguir a informação. Sim, essa mesma. A que se emociona com protestos justos. Ah, eu AMO o meu trabalho!!!! Sou apaixonada e casada com ele há 4 anos.


Aham. A Cris que de teimosa chega a ser insistente e batalhadora, e vice verso colorido. Que não leva desaforo pra casa (e nem pelos próximos dez minutos). Falo alto, sim, e com orgulho, porque quem fala alto passa o recado até mesmo aos surdos, ou àqueles que se fingem de surdos. A rainha dos pitis e surtos, nos momentos mais (in)adequados possíveis. Miss Reclamações. Sim, cobrando resultados dela mesma. E dos outros. E da torcida do Flamengo.


Ela, sim, a própria. Que adora dirigir mas odeia estacionar. Que deve ter um anjo co-piloto, ah, só pode ser, porque é a rainha das barbeiragens também. Que odeia salto alto mas se obriga a usar. Que adora pipoca cor de rosa, aquelas, sabe, Beija-flor? Que adora um avião. Caminhão. E porta de elevador.


Ela sim, eu sei, com todos os defeitos aceitáveis e ignoráveis.
Sou sim, um espelho de coisas doidas que batem e voltam.
Mas sinceramente, sou uma apaixonada pelo mundo.
E se a vida for o meu 8 ou 80, ok, eu encaro.
Sou assim até que me provem o contrário.
E me digam no mundo o que se aceita. Se a burrice. O cérebro fechado.
Ou o planetário.

E aqui me vem a frase do amigo Parahim, proferida há alguns anos.
"Isso me lembra uma avestruz. Corpo grande, cabeça pequena".

terça-feira, 24 de março de 2009

O labirinto




Perdidos, somos, incoerentes no próprio raciocínio. E no lapso da perda, escancarados na janela estão os vãos de um grande labirinto. Sabemos que há uma saída. Sim, há, com todas as alternativas possíveis. Mas não sabemos de imediato onde está.


Corredores nos levam na garupa, presos ao sistema de culpa e choro convulsivo. Se entramos também saímos, com dificuldades sim, mas atordoados pelo medo. As paredes são altas, os muros nos cercam, os obstáculos avante! nos permeiam. E tudo que queremos é uma grande a afiada navalha, que nos livre da parafernália, que nos leve de volta pra casa.


Respiramos fundo - em vão - tentando achar o melhor caminho. Inutilmente, o mais fácil é mais difícil e é imprevisível saber onde vamos parar. Afunilando as possibilidades, repetindo caminhos tortos pela vaga lembrança, sentindo a sede na garganta, a fome nas entranhas, a vontade de voar (e se livrar) das ruínas deste labirinto. O mundo é calmo, embebido em absinto, do mesmo verde que cobre o instinto: a saída é logo ali, poderia estar a placa, alguém tirou daqui.


E quando o fim parece próximo, quando o barco arruma um destroço e a saída se materializa, insista, é hora de sair. Porque no gomo que se abre mora a entrada de um novo ciclo, acorde, menina, é pífio tentar dormir de novo: o pesadelo acaba quando o sol renasce no morro.

domingo, 22 de março de 2009

É tempo de paciência sem fronteiras




Aguma coisa está acontecendo....


O Psol denuncia a governadora...
Mas apesar de ter sol no nome, não clareou nenhuma prova.


Adão Paiani diz que tem escutas ilegais...
Mas parece que não ouviu direito enquanto era ouvidor.


Sarney demitiu 50 diretores do Senado...
Quando são ainda 131 mamando nesta teta.


O presidente Lula afirma que a crise é uma marolinha...
Mas a Tsunami já varreu o Brasil faz tempo.


A novela Caminho das Índias se passa na Índia...
Mas incrivelmente, todos falam português.


É tempo de mente sem fronteiras.
E um dia, toda a banda larga será inútil se a mente for estreita.

TIM. Viver sem fronteiras.




sexta-feira, 20 de março de 2009

Teoria da conspiração




Joseph tinha medo dos monstros que o cercavam. Criancinhas e monstros no porão, medo da cuca, do bicho papão. Uma mãe que o batia, um lombo que ardia, Joseph e suas armadilhas no alçapão. O incesto consumado, a prisão deliberada, o desespero da escuridão. E por 24 anos, o porão virou a casa, a casa virou prisão.


Todos os dias, os casos de incesto e violação dos direitos da criança acontecem aos montes no País. Mas quando a imprensa quer crimes em série, cavoca nas delegacias o que pipoca todos os dias na pilha de inquéritos que povoam as salas de investigadores de polícia. Estatisticamente, o reflexo passa a ser sempre o mesmo: o abusado na infância abusará de criancinhas. E assim por diante.


Se olharmos para nossa infância, veremos o quanto nossas atitudes de hoje são resultado da nossa criação. Sim, porque não me venham com a balela de "eu fui criado assim, mas não quero isso para meus filhos". Somos cria do mesmo sistema, podemos melhorar na dor, mas só quando já somos maduros o suficiente para não acreditar em príncipes, princesas e felicidade eterna. Enquanto crianças, absorvemos o que nos é ensinado e pasmem: faremos tal como (ou um pouco menos) com nossos filhos e netos. Até que as próximas 48 gerações não absorvam mais nossas mazelas.


Querem um bom exemplo disso? Em 2000, no dia 12 de junho, Sandro do Nascimento sequestrou o famoso ônibus 174 no Rio de Janeiro. Drogado e transtornado, fez 11 reféns e terminou matando a professora Geísa com 3 tiros. Um policial completou a tragédia acertando um tiro na cabeça da refém. Sandro, é claro, morreu a caminho da delegacia. Horas de tensão depois, era só o que restava.


Mas muito antes, mas muito antes mesmo, Sandro era uma criança comum, de sonhos comuns. E de cenas comuns. Viu o pai assassinar a mãe na frente dele. Sobreviveu à chacina da candelária, é negro, pobre, morou na rua e nunca entrou em uma loja. Sim, Sandro tinha motivos para odiar o mundo, e por isso, unicamente por isso, fez tudo aquilo que fez. E só quem não tem a capacidade de entrar em sua mente, de entender o que ele passou, pode apontar o dedo e julgá-lo pela atitude descabida.


Não estou aqui defendendo os Joãos, Pedros, os Sandros da vida. São vítimas como eu, você, que escapam de um assalto todos os dias. Que enxergam o mundo pela ótica contrária, no outro lado da moeda. Da mesma moeda que esperam na sinaleira.


Não sejamos mais hipócritas e bestas de achar q somos a maioria no mundo. A maioria está ali, na rua, na miséria. Amargando a impunidade dos malditos 181 diretores do Senado, que se alimentam de salários milionários para ficarem apenas escondidos sob o manto da fortuna. Aceitando que a corja do governo coma nosso dinheiro sem ao menos dar um posto de saúde em troca. Mendigando auxílio desemprego quando 40 milhões de reais foram desviados a contas no exterior. E se apontamos na rua os que roubam pela revolta e pela vontade, onde foi parar a nossa capacidade de julgar os que matam às escondidas, ganhando milhares de reais na regalia, enquanto uns morrem em filas de Hospital?


Benditos sejam os hipócritas que aceitam tudo e nada fazem.

Porque é deles o reino da mediocridade.


P.S.: aos mesmos que bateram panelas em frente ao Edifício London por Isabela Nardoni (alguém lembra dela?), favor esconder as sinetas em relação ao caso Joseph Fritzl. Olhem para o sofá da sala. Pode ali estar sentada a pequena Elisabeth.

domingo, 15 de março de 2009

Caixa preta em Goiás




- Pai.
- O quê?
- Que bonito o mundo daqui de cima.
- Você acha, filha?
- Uhum (balançando os chinelinhos).
- Pai!!!
- O quê?
- Olha, é a minha escolinha!!!!
- É sim, filha.
- E olha lá! É o parque da cidade! Pai, eu A-DO-RO andar na roda gigante.
- Eu sei filha.
- Eu acho "lega".
- É... e o que é "lega"?
- É uma coisa legal, pai.
- Hm.
- Pai.
- Q?
- Tem dois aviões ali também.
- Eu sei filha.
- Pai.
- O quê?
- Pai, quem é que tá falando nesse rádio?
- São as pessoas que querem falar com o Papai.
- E porque eles querem falar contigo, pai?
- Porque eles querem que eu interrompa o passeio!
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, não, pai! Não, não, não!
- Pode ficar tranquila. O papai não vai parar.
- Obaaaaaaa! (olhos brilhantes)
- Olha pai! A profi já me trouxe aqui! É o "eroporto"
- Aeroporto, filha. Aeroporto.
- Ahhh, é pai, aqui mesmo, no "eriporto".
- E o que ela disse?
- Que os aviões pousavam aqui. Ô pai... você vai pousar aqui?
- Não, filha... nós vamos descer em outro lugar.
- Tá!!!
- Filha.
- Que?
- O papai vai te levar no shopping.
- Oba!!!! Agora, pai?
- Sim.
- EEÊÊÊÊ... a gente vai de carro, pai?
- Não. O papai vai te levar de avião.
- Nossaaaa.... (imaginando os coleguinhas ao saber disso)
Chinelinhos rosa balançando.
- Nossa, pai, isso é demais de muito de melhor!
- É sim, filha.
- Mas pai.... onde é que você vai estacionar esse avião tããããão grande?
- O papai vai dar um jeito.
- Nossa, pai!
- O quê?
- Você é o melhor pai do mundo!
- Eu sei, filha.
- Os meus coleguinhas nunca tiveram pais que levassem eles no shopping de avião!
- Aham.
- Pai!!!
- O quê?
- Me compra uma boneca lá?
- Claro.
- Eu quero uma boneca da Barbie bem bonita!
- O papai compra.
- Pai.. porque a mamãe não veio junto?
- Ah, filha... porque o papai brigou com ela.
- Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuul (frio na barriga), nossa pai, que legal isso!
- O quê?
- Assim, de voar baixinho!!!
- Eu sei. Gostou?
- Adorei pai!!!!
- Papai vai fazer de novo!
- Uebaaaaaaaa!
- Filha, olha ali o shopping.
- Isso, pai, isso, vamos no "shoppéng", pra eu comprar minha boneca!
- Vamos lá... 1, 2, 3...
- Pai, para, tá muito rápido..... nossa, pai...
- ...