terça-feira, 31 de março de 2009

Pra quem ainda não conhece!




A Arte de Rodrigo Cypriano oO Vulgo Cypri! :D
Ele e sua dupla dinâmica, Francisco Rafael Friedrich.



segunda-feira, 30 de março de 2009

Tudo passa - Túlio DEK e Di Ferrero.




Porque certas músicas sabem como interpretar palavras.


Na vida tudo passa
não importa o que tu faças
o que te fazia rir
hoje já não tem mais graça
tudo muda
tudo troca de lugar
o filme é o mesmo
só o elenco que tem que mudar
que alterar pra poder se encaixar
se não for pra ser feliz é melhor largar
então se ligue,busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
numa estrela cadente o sonho se faz presente
no compasso do batuque de um coração doente
a fera tá ferida mas não tá morta
Deus fecha a janela mas deixa aberta a porta


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade


Porque o sol não se tampa com a peneira
pra quem já tá molhado um pingo é besteira
renovo minha força vendo o sol se por
pensamento longe renovo meu amor
minha voz faz eco,tristeza que eu veto
não importa qual o papo
o papo aqui tem que ser reto
E cada chaga que a gente traz na alma
é a confirmação de que a ferida sara
e se restaura, já foi cicatrizada
eleve as mãos pros céus
que a tua alma tá blindada
pois ninguém vive conto de fadas
prefiro meu degrau
do que sua escada


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade


Que por sinal é pra subir e pra descer
um degrau de cada vez é assim que tem que ser
tá entendendo o que eu tô falando
caiu a ficha ou ainda tá boiando
minhas palavras pairam pelo ar
e o meu show tem que continuar
por isso eu continuo no rap eu destruo
como dizia ali dou ferroadas e flutuo
que nem no ringue tem que ter molejo
na minha criação a força vence o medo
Sem querer controlar o que sinto
vivo sem deixar sombras no tempo


Então se ligue, busque felicidade
pra existir história tem que existir verdade
então se ligue
pra existir história tem que existir verdade 2x

sábado, 28 de março de 2009

174 motivos




Por indicação de my boss, Rodrigo Giacomet, aluguei hoje o filme "Última Parada 174". Já era minha intenção ter olhado no cinema... mas como o cinema se fue de NH - e tive preguiça de ir ao município vizinho - esperei que chegasse em DVD mesmo. E chegou. E eu olhei. E olhei de novo. E olhei mais uma vez. Pra ter certeza de que tinha captado, com olhos e ouvidos, o que o filme queria passar. E gostei. Não só da produção, como também do que a história do garoto Sandro, drogado (pela vida) e transtornado (pela vida) me fez refletir sobre diversos ângulos. E eu AMO os filmes que me fazem pensar. Pensar não só no que a mídia do "Showrnalismo" nos mostra. A história de Sandro não estava na TV.


Não estou aqui pra contar o filme, até porque é uma boa indicação. Mas pra quem espera uma dramatização do ônibus, melhor ir pegar um desenho animado. Nos últimos 15 minutos de filme o coletivo Central Humaitá aparece em cena. Diferentemente da agonia de 3 horas passadas por passageiros, principalmente por Geisa, a professora que tragicamente morreu, grávida, com um bala de Sandro e três de policiais despreparados.


Mas além da operação mal sucedida da polícia (lembram do caso Eloá?), do assalto ao ônibus que já é rotina, da história de rua do Sandro na qual se tropeça a cada esquina, há uma coisa no filme que nos faz mergulhar na mente doentia do jovem, pensando que a nossa é tão demente quanto a dele. A diferença é que não conhecemos a fome - não no sentido do miserável - nem as chances perdidas que fizeram Sandro conhecer Copacabana como um excluído. E me lembrei dos jovens que entravam comigo no Trensurb no ano passado, que cantam no trem pra ganhar um trocado e que em muitas vezes só esperam um sorriso ou palmas em vez de uma moeda. Mas os terráqueos-Et´s daquela lata velha do inferno mal veem algo além do nariz que cheirou rotina o dia inteiro. E os jovens entram e saem dos vagões sem ao menos terem sido notados.


Acho que a cada dia (ei, eu não acho, tenho certeza), nós cruzamos com um Sandro por aí. É aquele menino que te pediu uma moeda e tu não deste, porque um sociólogo estúpido disse que o piá vai gastar em drogas. Ora essa, então que seja na droga de comida que nos alimenta e nos incha a cada dia. Que seja num livro inebriante, que vicia mais do que cocaína. Que seja em um copo de coca cola, droga mais do que viciante (e carregada pelo caldo negro do capitalismo americano), mas que vá lá, mata a sede de vez em quando. Mas como sempre, é mais fácil negar a moeda do que tratar o problema.


Porque ok, tu negaste a moeda, e ao acelerar o carro e engatar a primeira, numa atitude hipócrita e degenerativa, vais dizer "tomara que um agente social tire esse pobrezinho das ruas". Ora essa. E acreditas em Papai Noel? E na tua benevolência? Acreditas mesmo? Que tal: "tomara que alguém pegue essa bomba, porque eu não tô com saco pra isso".


Enquanto tropeçarmos nos Sandros da rua, estamos passando por cima do direito à vida, constitucional, previsto em lei. A mesma lei do Senado, que agora quer aumentar o salários dos carguinhos de confiaça - uh, teta véia que dá certo! - dos 181 diretores (Q? Achaste que o SARNAey iria mesmo demití-los?????). A mesma lei que impera nas ruas, onde a humilhação dói mais do que a moeda negada. A mesma lei que protege bandidos de verdade, de terno e gravata. A lei do crime, que não faz só as vítimas da capa, mas as que jamais sairão no jornal. E jamais terão outro destino que não as pilhas de inquéritos do verdadeiro arquivo morto da lei brasileira.


Não faço de Sandro, aqui, um herói.
Mas uma vítima que nasceu no ditado que pau que nasce torto nunca se indireita.
Bem vindas, 1 milhão de casas. Até 2078, todas estarão construídas.
Enquanto os Sandros continuam na rua.
Um viva bem bonito à democracia! (Clap clap clap)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Autorretrato obsoleto.





Sim, eu sou Cris W.
Essa mesmo, cheia de defeitos. O inventário.


A mala sem alça, a jornalista. Que mesmo sem um canudo - "se eu tivesse um canudinho..." - se esgana e se empolga com os congestionamentos de proporções gigantescas, batendo no painel e dizendo "Boooora, Oliveira, bora pra essa m*** de congestionamento!". A atucanada com a perfeição, sem nunca tê-la alcançado. A eterna insatisfeita com o próprio trabalho. A chata que cobra, cobra, cobra. E quando pagam, pagam, pagam, a que cobra de novo. A que dorme pensando na matéria nossa de cada dia seguinte. A chata que trabalha a voz, que ainda continua de caminhão de pamonha. Sim, ela mesmo, que liga pra fonte 78 vezes por dia pra conseguir a informação. Sim, essa mesma. A que se emociona com protestos justos. Ah, eu AMO o meu trabalho!!!! Sou apaixonada e casada com ele há 4 anos.


Aham. A Cris que de teimosa chega a ser insistente e batalhadora, e vice verso colorido. Que não leva desaforo pra casa (e nem pelos próximos dez minutos). Falo alto, sim, e com orgulho, porque quem fala alto passa o recado até mesmo aos surdos, ou àqueles que se fingem de surdos. A rainha dos pitis e surtos, nos momentos mais (in)adequados possíveis. Miss Reclamações. Sim, cobrando resultados dela mesma. E dos outros. E da torcida do Flamengo.


Ela, sim, a própria. Que adora dirigir mas odeia estacionar. Que deve ter um anjo co-piloto, ah, só pode ser, porque é a rainha das barbeiragens também. Que odeia salto alto mas se obriga a usar. Que adora pipoca cor de rosa, aquelas, sabe, Beija-flor? Que adora um avião. Caminhão. E porta de elevador.


Ela sim, eu sei, com todos os defeitos aceitáveis e ignoráveis.
Sou sim, um espelho de coisas doidas que batem e voltam.
Mas sinceramente, sou uma apaixonada pelo mundo.
E se a vida for o meu 8 ou 80, ok, eu encaro.
Sou assim até que me provem o contrário.
E me digam no mundo o que se aceita. Se a burrice. O cérebro fechado.
Ou o planetário.

E aqui me vem a frase do amigo Parahim, proferida há alguns anos.
"Isso me lembra uma avestruz. Corpo grande, cabeça pequena".

terça-feira, 24 de março de 2009

O labirinto




Perdidos, somos, incoerentes no próprio raciocínio. E no lapso da perda, escancarados na janela estão os vãos de um grande labirinto. Sabemos que há uma saída. Sim, há, com todas as alternativas possíveis. Mas não sabemos de imediato onde está.


Corredores nos levam na garupa, presos ao sistema de culpa e choro convulsivo. Se entramos também saímos, com dificuldades sim, mas atordoados pelo medo. As paredes são altas, os muros nos cercam, os obstáculos avante! nos permeiam. E tudo que queremos é uma grande a afiada navalha, que nos livre da parafernália, que nos leve de volta pra casa.


Respiramos fundo - em vão - tentando achar o melhor caminho. Inutilmente, o mais fácil é mais difícil e é imprevisível saber onde vamos parar. Afunilando as possibilidades, repetindo caminhos tortos pela vaga lembrança, sentindo a sede na garganta, a fome nas entranhas, a vontade de voar (e se livrar) das ruínas deste labirinto. O mundo é calmo, embebido em absinto, do mesmo verde que cobre o instinto: a saída é logo ali, poderia estar a placa, alguém tirou daqui.


E quando o fim parece próximo, quando o barco arruma um destroço e a saída se materializa, insista, é hora de sair. Porque no gomo que se abre mora a entrada de um novo ciclo, acorde, menina, é pífio tentar dormir de novo: o pesadelo acaba quando o sol renasce no morro.

domingo, 22 de março de 2009

É tempo de paciência sem fronteiras




Aguma coisa está acontecendo....


O Psol denuncia a governadora...
Mas apesar de ter sol no nome, não clareou nenhuma prova.


Adão Paiani diz que tem escutas ilegais...
Mas parece que não ouviu direito enquanto era ouvidor.


Sarney demitiu 50 diretores do Senado...
Quando são ainda 131 mamando nesta teta.


O presidente Lula afirma que a crise é uma marolinha...
Mas a Tsunami já varreu o Brasil faz tempo.


A novela Caminho das Índias se passa na Índia...
Mas incrivelmente, todos falam português.


É tempo de mente sem fronteiras.
E um dia, toda a banda larga será inútil se a mente for estreita.

TIM. Viver sem fronteiras.




sexta-feira, 20 de março de 2009

Teoria da conspiração




Joseph tinha medo dos monstros que o cercavam. Criancinhas e monstros no porão, medo da cuca, do bicho papão. Uma mãe que o batia, um lombo que ardia, Joseph e suas armadilhas no alçapão. O incesto consumado, a prisão deliberada, o desespero da escuridão. E por 24 anos, o porão virou a casa, a casa virou prisão.


Todos os dias, os casos de incesto e violação dos direitos da criança acontecem aos montes no País. Mas quando a imprensa quer crimes em série, cavoca nas delegacias o que pipoca todos os dias na pilha de inquéritos que povoam as salas de investigadores de polícia. Estatisticamente, o reflexo passa a ser sempre o mesmo: o abusado na infância abusará de criancinhas. E assim por diante.


Se olharmos para nossa infância, veremos o quanto nossas atitudes de hoje são resultado da nossa criação. Sim, porque não me venham com a balela de "eu fui criado assim, mas não quero isso para meus filhos". Somos cria do mesmo sistema, podemos melhorar na dor, mas só quando já somos maduros o suficiente para não acreditar em príncipes, princesas e felicidade eterna. Enquanto crianças, absorvemos o que nos é ensinado e pasmem: faremos tal como (ou um pouco menos) com nossos filhos e netos. Até que as próximas 48 gerações não absorvam mais nossas mazelas.


Querem um bom exemplo disso? Em 2000, no dia 12 de junho, Sandro do Nascimento sequestrou o famoso ônibus 174 no Rio de Janeiro. Drogado e transtornado, fez 11 reféns e terminou matando a professora Geísa com 3 tiros. Um policial completou a tragédia acertando um tiro na cabeça da refém. Sandro, é claro, morreu a caminho da delegacia. Horas de tensão depois, era só o que restava.


Mas muito antes, mas muito antes mesmo, Sandro era uma criança comum, de sonhos comuns. E de cenas comuns. Viu o pai assassinar a mãe na frente dele. Sobreviveu à chacina da candelária, é negro, pobre, morou na rua e nunca entrou em uma loja. Sim, Sandro tinha motivos para odiar o mundo, e por isso, unicamente por isso, fez tudo aquilo que fez. E só quem não tem a capacidade de entrar em sua mente, de entender o que ele passou, pode apontar o dedo e julgá-lo pela atitude descabida.


Não estou aqui defendendo os Joãos, Pedros, os Sandros da vida. São vítimas como eu, você, que escapam de um assalto todos os dias. Que enxergam o mundo pela ótica contrária, no outro lado da moeda. Da mesma moeda que esperam na sinaleira.


Não sejamos mais hipócritas e bestas de achar q somos a maioria no mundo. A maioria está ali, na rua, na miséria. Amargando a impunidade dos malditos 181 diretores do Senado, que se alimentam de salários milionários para ficarem apenas escondidos sob o manto da fortuna. Aceitando que a corja do governo coma nosso dinheiro sem ao menos dar um posto de saúde em troca. Mendigando auxílio desemprego quando 40 milhões de reais foram desviados a contas no exterior. E se apontamos na rua os que roubam pela revolta e pela vontade, onde foi parar a nossa capacidade de julgar os que matam às escondidas, ganhando milhares de reais na regalia, enquanto uns morrem em filas de Hospital?


Benditos sejam os hipócritas que aceitam tudo e nada fazem.

Porque é deles o reino da mediocridade.


P.S.: aos mesmos que bateram panelas em frente ao Edifício London por Isabela Nardoni (alguém lembra dela?), favor esconder as sinetas em relação ao caso Joseph Fritzl. Olhem para o sofá da sala. Pode ali estar sentada a pequena Elisabeth.

domingo, 15 de março de 2009

Caixa preta em Goiás




- Pai.
- O quê?
- Que bonito o mundo daqui de cima.
- Você acha, filha?
- Uhum (balançando os chinelinhos).
- Pai!!!
- O quê?
- Olha, é a minha escolinha!!!!
- É sim, filha.
- E olha lá! É o parque da cidade! Pai, eu A-DO-RO andar na roda gigante.
- Eu sei filha.
- Eu acho "lega".
- É... e o que é "lega"?
- É uma coisa legal, pai.
- Hm.
- Pai.
- Q?
- Tem dois aviões ali também.
- Eu sei filha.
- Pai.
- O quê?
- Pai, quem é que tá falando nesse rádio?
- São as pessoas que querem falar com o Papai.
- E porque eles querem falar contigo, pai?
- Porque eles querem que eu interrompa o passeio!
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, não, pai! Não, não, não!
- Pode ficar tranquila. O papai não vai parar.
- Obaaaaaaa! (olhos brilhantes)
- Olha pai! A profi já me trouxe aqui! É o "eroporto"
- Aeroporto, filha. Aeroporto.
- Ahhh, é pai, aqui mesmo, no "eriporto".
- E o que ela disse?
- Que os aviões pousavam aqui. Ô pai... você vai pousar aqui?
- Não, filha... nós vamos descer em outro lugar.
- Tá!!!
- Filha.
- Que?
- O papai vai te levar no shopping.
- Oba!!!! Agora, pai?
- Sim.
- EEÊÊÊÊ... a gente vai de carro, pai?
- Não. O papai vai te levar de avião.
- Nossaaaa.... (imaginando os coleguinhas ao saber disso)
Chinelinhos rosa balançando.
- Nossa, pai, isso é demais de muito de melhor!
- É sim, filha.
- Mas pai.... onde é que você vai estacionar esse avião tããããão grande?
- O papai vai dar um jeito.
- Nossa, pai!
- O quê?
- Você é o melhor pai do mundo!
- Eu sei, filha.
- Os meus coleguinhas nunca tiveram pais que levassem eles no shopping de avião!
- Aham.
- Pai!!!
- O quê?
- Me compra uma boneca lá?
- Claro.
- Eu quero uma boneca da Barbie bem bonita!
- O papai compra.
- Pai.. porque a mamãe não veio junto?
- Ah, filha... porque o papai brigou com ela.
- Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuul (frio na barriga), nossa pai, que legal isso!
- O quê?
- Assim, de voar baixinho!!!
- Eu sei. Gostou?
- Adorei pai!!!!
- Papai vai fazer de novo!
- Uebaaaaaaaa!
- Filha, olha ali o shopping.
- Isso, pai, isso, vamos no "shoppéng", pra eu comprar minha boneca!
- Vamos lá... 1, 2, 3...
- Pai, para, tá muito rápido..... nossa, pai...
- ...

Já pensou como seria bom?




Se o chão da nossa casa fosse de grama verde sempre cortada. Se ao pisar nela a gente sentisse a força da natureza sobrepondo a do piso e sua frieza. Se a sensação da grama fosse a primeira do dia. Se o verde se espalhasse na casa inteira.


Como seria bom se o sol fosse diário e intercalado com pequenas chuvas pra refrescar. Se a neve estivesse presente no ano inteiro, com flocos para brincar. Se o vento fosse quente no final de tarde pra soprar indiadas de bicicleta. Se cada um tivesse uma temperatura de acordo com o humor, chuva pra ficar em casa e descansar. Sol pra sair na rua e respirar.


Ah, como seria bom se a música fosse constante em nossos ouvidos, se embalassem o nosso sonho e o nosso despertar. Se os acordes fossem todos em um violão, que infiltrasse nos nossos tímpanos e num ímpeto de loucura plena, as pessoas dançassem na rua, despreocupadas com os olhares alheios.


Se o bom dia fosse obrigatório, se fôssemos menos rabugentos e arrogantes. Se o preconceito não morasse na nossa mente e se a gente tivesse mais tempo pra observar. Se o fim do dia fosse no campo, olhando o pôr-do-sol. Se a gente pudesse deitar numa rede e repensar as últimas 24hs. Se o orgulho não fosse tão grande, se o ego fosse apenas uma peça de lego. Se a sede de aprendizado morasse em todos nós. Se nossa mente fosse sem fronteiras.


Se o seriado Chaves voltasse ao horário normal e a gente voltasse ao lúdico, ao simples. Se as piadas fossem sempre as mesmas e nós pudéssemos esperar ansiosos pelos episódios mais raros. Se a televisão tivesse de novo qualidade, sem a feira livre das atrociadades. Se os comerciais não quisessem vender o mundo para as crianças, se o lixo não estivesse acima do conteúdo.



Se a porta não tivesse tranca automática.

Se os ônibus tivessem 100 lugares.

Se os motoristas não dormissem ao volante.

Se os as pessoas tivessem (de forma verdadeira) o direito constitucional à saúde.

Se o INSS descontado da sua folha de pagamento servisse para alguma coisa.

Se aquela moedinha de 10 centavos não faltasse quando você mais precisa.

Se crianças não precisassem destas moedas na sinaleira.

Se a gente pudesse dormir de janelas abertas.

Se o amor não tivesse nome e sobrenome.

Se a gente abrisse o coração com mais facilidade.

Se a vida fosse menos complicada e mais adorável.


E se a gente entendesse que tudo acima depende do nosso ponto de vista. E da nossa vontade pra se tornar realidade.


A vida não disponibiliza nada além do que a gente realmente quer.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A voz que vem do coração




É difícil falar sobre o coração. Mais fácil é falar sobre política, negócios, polícia, educação. Antropologia, filosofia, discussões, colisão. Mas do coração... poucos conseguem falar de verdade. Até porque, as fórmulas mágicas moram sempre no coração do outro. É lá que estão as soluções de nossos mais agoniantes e agonizantes problemas. O coração é a porta de ferro que carrega por trás a malidicência humana: o ser racional sabe falar de tudo, menos de amor. O humano nada emocional.


Ah, e como pouco falamos. Amor torto e descabido, bandido, sedutor. Está lá e sempre esteve, mas mora quase solitário em meio a outros sentimentos. Brotar amor é difícil, mas experimente perguntar ao rancor quantas vezes ele morou ali dentro e saiu com a rapidez de um trem bala, assim que provocado, pela chama mais curta do ódio. É fácil sentir qualquer coisa que não seja o amor. Um coração gelado é mais comum do que parece.


Vitimizar é corriqueiro. Caixas e mais caixas de chocolate já consolaram as vítimas do terrível e assustador, amor. Roupas em shopping já curaram milhares de dores de cotovelo, cortes de cabelo já serviram como estopim ao exibicionismo dos "mal amados", "mal quistos", "mal chegados". O outro é sempre o monstro da história. Mesmo que uma roupa nova, um batom diferente, uma arrojada no visual só venham com uma decepção. O momento ideal pra se cuidar da gente: quando ninguém mais parece o fazer.


Amor com amor se paga e no mundo do dente por dente, os sorrisos são escassos. Seremos os eternos encantados, procurando os príncipes e princesas que, injustos, parecem não nos enxergar. O mundo vazio que habitamos parece ainda mais sombrio. Não nos vemos mais do que mortos-vivos, zumbis jogados à beira do abismo. E quando o amor chega e vai, é como se passasse pela mesma porta sem detector de alcalinos. O amor é lítio, explosivo e corrosivo. E ao mesmo tempo, um tubo de oxigênio. Passível de instrução de uso.


Sejamos como o metal mais pesado e providencial à resistência. O amor queima, engole qualquer fio de esperança e tão surpreendentemente encanta. O amor é sempre uma nova injeção.


Na testa. De graça. E sem contra-indicação.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Embarque de uma passagem só.




Hoje me senti num barco vazio. Não sei porque, mas senti. Um sentimento estranho e opressor, que me fez chorar no final do dia.


Fiquei até o final da tarde pra suprir a falta da repórter, que estava com conjuntivite. A sala ficou levemente escura, já não mais no horário de verão, onde o final de tarde era bonito de ser ver ali para os lados da BR.


E quando fui recolher um papel no chão, viajei no tempo quase que instantaneamente. Me vi ali, cabelos ainda crespos, debruçada em cima de uma cópia de um processo, de mais ou menos 800 páginas. Como réu, estava Luis Henrique Sanfelice. Dali a alguns dias teríamos o Júri que parou o Centro Universitário Feevale. Me lembro bem. 14 a 16 de dezembro de 2006. Dias em que eu não comi, não bebi, não fiz nada que não fosse me debruçar sobre aquele processo. Lendo e sugando cada palavra dos depoimentos de um dos crimes mais bárbaros e terríveis que NH já presenciou.


E me deu um aperto no peito, dessa época boa e singela que vivi, da reportagem pura e visceral. Da curiosidade imprimida em cada detalhe. Saudade de ser só repórter, como se isso fosse "só". Quando eu era apenas vista do meu trabalho e me esforçava ao couro pra conseguir boas reportagens. Quando ia pra rua (no bom sentido) pra catar coisas diferentes, os meus "furos" que me orgulhavam. A metida nas causas mais impossíveis. Levando "pito" de Excelência, Sr. Juiz, por falar ao celular durante audiência. Saudade do meu bloco de capa azul, que hoje está completamente detonado. Saudade da caneta vermelha que eu achei no chão de uma casa invadida. E saudade do meu crachá com foto assustadora.


Quando voltei a mim, lá estava eu, decepcionada por algumas coisas, orgulhosa de outras, cabelos já lisos, vários dos fios já brancos, e 3 anos depois, armando estratégias para um bom desempenho de uma rádio que me acolheu de volta e da confiança que me foi depositada. As vezes, no fim do dia, você só quer ser ouvida e chorar um pouco, para liberar a pressão. E é bem ter amigos ainda que carregues a marca da bruxa, da "pé no saco com salto agulha". É bom saber que ainda que de forma torta, tu estás ali, firme como uma rocha, suportando as coisas mais escabrosas e patéticas possíveis.


Porque uma vez me disseram que em todos os lugares será assim.
E que em todas as situações, os que tiverem o tanque cheio de gasolina irão adiante.
Os demais ficarão no acostamento, sinalizando por uma carona que nunca virá.

sábado, 7 de março de 2009

Eu sou o Bispo mau, Bispo mau, Bispo mau...

O que diz a foto: "Crianças, calma, no meu quarto é um de cada vez"


Aproveitando a atualização do amigo Diego(nzo), é impossível ficar calada diante das declarações do grande escroto da semana. O Bispo Sobrinho, que do alto de sua ignorância petrificada ao longo de 2 mil anos resolveu "excomungar" a equipe médica e a mãe da menina de apenas 9 anos, violentada há três, que engravidou de gêmeos de um homem (??) de 23 anos, doente, cínico e demente que (in)digno, achava-se na condição de padrasto.


Um destes padrastos e madrastas estilo Ana Jatobá, que envergonham os demais padrastos e madrastas que tentam, muitas vezes em vão, substituir uma carência afetiva que por diversas ocasiões não tem remédio. Fica aqui o alerta para as mães que devem sempre, mas SEMPRE dar ouvidos aos filhos.


Mas voltando ao Monsenhor Bispo, Dom José Cardoso Sobrinho, El fodon da Igreja Católica, sim, aquela mesma, cheia de dogmas bestiais, resolveu superar todas as atrocidades que o templo sagrado oferece. E deixo claro aqui que isto nada tem a ver com Deus. Sou uma devota de Deus, tenho fé, o amo incondicionalmente, independente do que Deus representa para cada pessoa. Cada um tem seu entendimento do Divino, e não estou aqui para pregar nada. E por isso mesmo, Deus nada tem a ver com a máfia católica, especialista em ruminar o ódio da inquisição. Sim, porque para que não sabe, o Papa Pio XII foi o maior assador de pessoas de todos os milênios. Santa Igreja.


E eis que o retardado Bispal resolveu ser o inquisidor de 2009. Botou na parede uma criança de apenas 9 anos que desde os 6 era estuprada violentamente pelo criminoso que dividia com ela o mesmo teto. E conheceu a gravidez antes dos 10 anos, quando ainda brincava com ursos e bonecas. Naturalmente, um caso de barbárie explícita.


Mas como toda jornalista curiosa, não é preciso ir muito longe. Sabe-se da boa fama de Padres, pastores, Bispos e porque não dizer de Papas, que envoltos em seu celibato imposto, de carne e osso que são, aproveitam para esconder debaixo da batina a mesma arma do crime utilizada pelo padrasto. Os casos de abuso sexual são muitos, padres pedófilos estão aí aos montes, então... porque o espanto? Não seria o Bispo Cardoso mais um destes? Vejam a foto, que coisa meiga a devoção às criançinhas. O que esperar da Igreja que proíbe a camisinha (oh, sim, é porque os bons maridos e as boas esposas são livres de doenças) e o anticoncepcional (sim, sim, botemos filhos e mais filhos no mundo!!!!!!!)??? Ora, pra mim não há novidade alguma na opinião retrógrada e em estado de putrefação por parte do nobre Bispo.


Ora, e que venham as opiniões contrárias, mas não o condenem. Pobre Santo, em meio a seus desejos sexuais.

Enfim.
"Eu sou o Bispo mau, Bispo mau, Bispo mau... eu pego as criançinhas pra fazer mingau".



terça-feira, 3 de março de 2009

Os olhos da alma



Nada nessa vida surge por um acaso. As pessoas com que cruzamos, os amores que tentamos, os passeios que não fizemos e sonhamos. Eu acredito muito no acaso escrito. No que podemos aprender com palavras, gestos, emoções desconhecidas que só surgem na prática. E hoje foi um dia assim. Quando percebi que a generosidade está nas pequenas coisas, quando nos curvamos para a vida que, sublime, faz tudo na mais perfeita imperfeição. Quando com uma pequena atitude nós mudamos um dia. Ou uma vida inteira.


Pois que hoje o Anderson Dilkin, guri alto e bonito, aos 17 anos, resolveu visitar a Rádio. Vindo lá de Santa Maria do Herval - terra da minha família - o aspirante à jornalista se concentrou em aprender um pouco sobre a rotina do rádio. Participante do último Estúdio Aberto, programa que será extinto com uma nova grade na rádio - o Anderson prestou atenção em cada detalhe da programação. Reparou no stress, na loucura, na correria de quem faz a notícia, sem ser notícia. A rotina de quem faz um produto através de acontecimentos, que moldados ao gosto do freguês - ou não - se transformam em histórias de manchetes semelhantes, porém nunca iguais.


Cada dúvida que ia surgindo ia sendo respondida. O João Paulo, grande guri, alma limpa, colega da profissão, levou o Anderson pra conhecer o Grupo Sinos. E a cada passo que o Anderson dava, se via nos gestos o encantamento típico de quem está pela primeira vez em um parque de diversões. Me lembrou o dia em que o Novo Shopping foi inaugurado, em 1991. Novo Hamburgo ganhava sua primeira escada rolante, e no alto dos meus 9 anos, eu fiquei vendo aquela escada e imaginando que aquilo seria o máximo de tecnologia a qual o mundo poderia chegar. Eu estava petrificada. Eu fiquei emocionada.


E hoje, olhando pro Anderson, que na sua necessidade visual só vê o mundo com a alma, e não com os olhos, eu vi o quanto um pequeno homem estava ali, no grande adolescente. Cego de nascença, ele mostrava a cada minuto que somos tão pequenos em nosso olhar, que se restringe ao pequeno Universo que nos cerca. Rotulados em um sistema carcerário-libertino, presos a crenças e baboseiras que nos são ensinadas. Reféns de uma sociedade falida, comunidade do "pareça ser" e não do "seja". As aparências que surgem em nossos olhos, cansados da mesma coisa. O julgamento que fazemos de valor, o preço da sovina.


E penso que Deus não é injusto, mas poderia muitas vezes dar a todos a cegueira dos olhos, por um dia que seja, para um mundo mais feliz, mais leve, mais puro. Mais livre de qualquer preconceito, mais utópico, como o mundo nunca será.


A não ser para o Anderson, que busca ver o mundo do seu jeito. Enquanto outros continuam vendo o pequeno mundo que criaram. Onde não se abre a mente para nada. Onde é mais fácil fechar os olhos. E fingir que não se vê.


Onde o mesmo mundo de olhos fechados verá a diplomação de Anderson Dilkin, um dia bacharel em Jornalismo. E talvez nele esteja a esperança de um jornalismo descortinado de tudo. O texto perfeito, livre de arestas e, acima de tudo, das correntes que amarram nossa profissão. A visão perfeita de um mundo imperfeito.
A reportagem, única e verdadeira dos fatos.
A que vem da alma.

segunda-feira, 2 de março de 2009

É assim, como se entende.



É como quando você imagina que tudo fica livre e leve - solto - como uma borboleta.

E não há mais pesos e amarras.

Não há mais preocupação com o tempo perdido e o tempo que está por vir.

É como voar. Leve, solta, livre - e colorida - como uma borboleta.