domingo, 14 de junho de 2009

A difícil - e impossível - arte de jogar fora o que não presta.




Sabe quando você encontra um objeto enquanto procurava o outro? Lá estava você revirando as gavetas atrás do seu celular (que ficou no silencioso) quando... plim! Aparece o seu carregador de celular. Primeira reação: "não acredito"! Segunda reação: "aff. vou deixar isso aqui porque estou atrás do meu celular". Sem saber, claro, que o seu celular esquecido já está sem bateria.


E assim passamos a vida, achando coisas... ignorando outras... buscando algumas que talvez nem estejam na nossa grande gaveta chamada existência. Tenho a nítida impressão de que a minha está sempre revirada... mas, como dizem as boas desculpas, me acho na minha bagunça.


Se sinto aquela gangorra diária - de boas idas, de más vindas, ou frente verso colorido, apesar de estar viva, ainda tenho alguns enjoos no estômago. Como se quisesse saltar de uma vez só, pra ficar deitada, vendo a banda passar. Pelo menos assim meu estômago estaria no lugar. Ainda que de lá no chão, eu não sentisse a emoção do alto. O perigoso alto. O alto da montanha, de ar tão rarefeito.....


E quando a ânsia de vômito vem, às vezes é melhor colocar o dedo na garganta, sentir tudo de mau saindo da sua vida, esquecer o que te persegue todos os dias.. e como numa injeção de ânimo, absorver a deliciosa sensação de sangue novo jorrando nas veias. Ah, a sensação pós-refluxo, que deixa "grog" no início, mas depois de traz a sensação de alívio. Como se nunca o gosto de estragado estivesse ali, no suco gástrico do seu estômago. Como se o tempo jogasse ar fresco no seu rosto e fizesse você levantar de novo.


E te puxasse pra cima, como uma força inexplicável, que ergue seus braços, dá um tapinha nas costas, diz o quanto você está pálida, mas de uma forma ainda reconfortante declara:


"Ora, como você está abatida. Mas vai passar".

Oh deliciosa vida, pronta pra mais uma vez a sua gaveta desarrumar.


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