Confesso que "me caiu os butiá do bolso" quando soube que MJ tinha morrido. Ele era uma dessas pessoas quase imortais, que não esperamos ler sobre a morte nessa encarnação. A impressão que sempre tive era de que Michael era feito de gelo, cera e outros materiais hipoalergênicos. Ele era de aço.
Mas como todo ser humano provido de carne, ossos e plásticas intermináveis, um dia, eis o dia, o organismo do mito resolveu puxar o fio de eletricidade da tomada. Resolveu apagar aquele rastro de energia. Fruto do aquecimento global.
O coração de Michael, apertado sob o peito branco da fera, gritou de lá de baixo. O suficiente para se fazer ouvir ao genial e genioso cérebro. O único que escapou das intervenções cirúrgicas.
- Ei! Ei! Escuta aqui, porra! Cansei dessa merda. To caindo fora!
- Foda, né, cara? Mas te entendo. Visse que ele guarda restos de nariz?
- Vi, não vi. Mas senti que o cara lamenta pacas essa loucura de arrancar pedaços.
- Isso se chama tecnologia. Chama-se avanço da tecnologia.
- Arrancar pedaços do nariz? Virar um astro de Tim Burton?
- Nossa, nunca tinha pensado nisso... é mesmo... ele parece muito com...
- Com?
- Edward! Mãos de tesoura!
- Nossa! É mesmo - bateu forte o coração.
- É isso! Edward Jackson.
- Ou seria Michael Mãos de Tesoura?
- Não sei. Mas pense só... Vive num castelo, só. Arranca pedaços do corpo...
- É mesmo, cara. Isso é coisa de maluco.
- Mas as coincidências não param por aí.
- E?
- E Jackson também nunca teve um pai de verdade.
- Ah isso, é... Eu senti por muitos anos... Era como ser frio com aquela figura.
- É... Por isso ele batizou essa caixa de concreto de Neverland.
- A terra do nunca...
- Síndrome de Peterpan?
- Claro. A terra do nunca fui criança.
- Sim. Mas voltando a TIM Burton... Quanta bizarrice, não?
- Muita.
- Tenho pena dele. Aqui em cima, o cara é um gênio. Já aí embaixo...
- É... Mas to cansado dessas doses diárias de medicamentos.
- Entendo. Em que mais poderíamos comparar ele com Edward, antes de eu partir?
- Ele não tem as mãos.
- Porra, nisso nunca tinha reparado. Espera... tomar no cu, as mãos estão aqui sim.
- Estão nada. Isso são as tesouras dele, disfarçadas de mãos.
- Tesouras para que?
- Para arrancar cada vestígio de um Michael só. Solitário.
- Ainda que cercado de fãs?
- Ainda que cercado de ninguém.
E o coração se enjoou daquela merda toda e resolveu ter um ataque fulminante. O cérebro tentou intervir, mas já era tarde. Morria ali, em poucos segundos, uma lenda, moradora de um grande castelo, longe da realidade, do mundo. E depois de tantas cirurgias, o que sobrou para ele foi uma última intervenção. Com as próprias mãos, ou melhor, tesouras, os médicos fizeram uma necropsia. E constataram o horror: o coração era uma pequena pedra de gelo, esculpida de forma fria. A própria vida de encarregou da arte final.
Mas como todo ser humano provido de carne, ossos e plásticas intermináveis, um dia, eis o dia, o organismo do mito resolveu puxar o fio de eletricidade da tomada. Resolveu apagar aquele rastro de energia. Fruto do aquecimento global.
O coração de Michael, apertado sob o peito branco da fera, gritou de lá de baixo. O suficiente para se fazer ouvir ao genial e genioso cérebro. O único que escapou das intervenções cirúrgicas.
- Ei! Ei! Escuta aqui, porra! Cansei dessa merda. To caindo fora!
- Foda, né, cara? Mas te entendo. Visse que ele guarda restos de nariz?
- Vi, não vi. Mas senti que o cara lamenta pacas essa loucura de arrancar pedaços.
- Isso se chama tecnologia. Chama-se avanço da tecnologia.
- Arrancar pedaços do nariz? Virar um astro de Tim Burton?
- Nossa, nunca tinha pensado nisso... é mesmo... ele parece muito com...
- Com?
- Edward! Mãos de tesoura!
- Nossa! É mesmo - bateu forte o coração.
- É isso! Edward Jackson.
- Ou seria Michael Mãos de Tesoura?
- Não sei. Mas pense só... Vive num castelo, só. Arranca pedaços do corpo...
- É mesmo, cara. Isso é coisa de maluco.
- Mas as coincidências não param por aí.
- E?
- E Jackson também nunca teve um pai de verdade.
- Ah isso, é... Eu senti por muitos anos... Era como ser frio com aquela figura.
- É... Por isso ele batizou essa caixa de concreto de Neverland.
- A terra do nunca...
- Síndrome de Peterpan?
- Claro. A terra do nunca fui criança.
- Sim. Mas voltando a TIM Burton... Quanta bizarrice, não?
- Muita.
- Tenho pena dele. Aqui em cima, o cara é um gênio. Já aí embaixo...
- É... Mas to cansado dessas doses diárias de medicamentos.
- Entendo. Em que mais poderíamos comparar ele com Edward, antes de eu partir?
- Ele não tem as mãos.
- Porra, nisso nunca tinha reparado. Espera... tomar no cu, as mãos estão aqui sim.
- Estão nada. Isso são as tesouras dele, disfarçadas de mãos.
- Tesouras para que?
- Para arrancar cada vestígio de um Michael só. Solitário.
- Ainda que cercado de fãs?
- Ainda que cercado de ninguém.
E o coração se enjoou daquela merda toda e resolveu ter um ataque fulminante. O cérebro tentou intervir, mas já era tarde. Morria ali, em poucos segundos, uma lenda, moradora de um grande castelo, longe da realidade, do mundo. E depois de tantas cirurgias, o que sobrou para ele foi uma última intervenção. Com as próprias mãos, ou melhor, tesouras, os médicos fizeram uma necropsia. E constataram o horror: o coração era uma pequena pedra de gelo, esculpida de forma fria. A própria vida de encarregou da arte final.
2 comentários:
Michael foi apenas mais uma vítima desse mundo desumano em que vivemos... não teve infância, sempre funcionou como uma máquina registradora inesgotável, seu pai lhe dava ânsia de vômito... o acusaram e NUNCA provaram nada... papais "tiravam" crias e levavam para um passeio com tio Michael para se tornarem os novos ricos...
Michael Jackson, que não queria fazer essa última turnê, apenas aceitou para não ter que leiloar a Neverland por causa das suas dívidas, não morreu. Michael foi assassinado pelo mundo!
Concordo plenamente, o mundo o assassinou. Ele estava só e só tinha o amor de seus fihos e das crianças, que por serem puras, não são capazes de julgar, amam de verdade, sem segundos interesses.
Por isso elas o encantavam, um grane lutador, um cara do bem mesmo.
Não sou fã dele, embora ele tenha sido demasiadamente talentoso. O admiro pelo bem que ele fez. As letras dass canções, e suas coreografias tudo muito original ele era a personificação dos ritmos e sons, como um reporter mesmo afirmou em entrevista.
Sinto por sua morte tão precoce. Sinto mais ainda por sua vida fora dos palcos. Suponho que ele sofeu muito. E discordo que o coração dele fosse uma pedra de gelo, especialmente, e tão somente quando sua filha declarou seu amor perante todas aquelas pessoas no funeral dele.
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