domingo, 31 de agosto de 2008

Infância roubada.




Quando leio notícias sobre crianças que morrem, sinto um aperto no peito. Quando leio sobre crianças que são assassinadas, não sei o que sentir. Quando leio sobre os motivos dessas mortes, praticamente não sinto.


Neste final de semana, uma criança de dois anos foi morta em Porto Alegre por acerto de contas, no bairro Restinga. Um tiro no olho. Não foi uma bala perdida, nem um acidente. Foi uma bala disparada sem o mínimo de piedade, quando a menina Gabrielle estava no colo da avó. Suspeita-se de dívida por drogas.


É difícil se perguntar numa hora dessas o que se passa na cabeça de um animal podre que tem coragem de disparar um tiro no olho de uma criança. Mas quanta inocência. Ascos como este não têm mente. Não tem o mínimo de sentimento dentro de si.


A morte pelo tráfico diz respeito a quem vende, a quem consome, a quem deve. Mas naturalmente a intenção é fazer sofrer. Não basta matar. Aliás, quem tem medo da morte? Que se dane o mundo, não?


Que se dane a Gabrielle, no colo da avó. Que se danem seus sonhos, suas perspectivas. Que se danem os anos daqui pra frente. E que se danem as Isabellas, os Joãos Hélio... A infância perdeu seu valor.


E a partir do momento em que dizemos "mais um", nós estamos sujeitos a esta morosidade diante dos fatos: foi mais um. Quem será o próximo?


Vamos cobrar da imprensa notícias sobre a Gabrielle! Vamos cobrar bonecos de reconstituição, parafernálias, 785 peritos na casa. Vamos cobrar um promotor em rede nacional e a prisão deste desgraçado em tempo real! Vamos cobrar uma Gabrielle, uma criança, uma vítima como ela.


Esta menina não morava no London. Mas foi tão criança quanto Isabella.


Um comentário:

Anônimo disse...

O pior é que nestes casos, na Restinga ou, sei lá, em CANUDOS, a notícia é tão pouco comentada que muita gente acaba nem sabendo disso (meu caso, agora). Mas é bem como tu disse, estamos nos sujeitando a isso.

As vezes, é meio lamentável ver o meio em que trabalhamos, não é?

Chico