quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A formiga e o leão




Dia desses fui no zôo. Nossa, fazia uma "cara de tempo" que não ia. Me sinto um animal às vezes. Ora essa. E não sou? Se fosse de verdade, seria um macaco. Mas continuo querendo ser bicho gente. Racional e emocional ao extremo. :)


Pois que quando entrei fui direto à ala dos leões. A alcova dos magnatas da selva. Os mais temíveis do zôo. Lembro que minha mãe gelava quando eu me perdia na selvinha de pedra, ela sempre achava que eu tinha sido comida por um leão. hahahahahaha....


Fiquei olhando para os felinos, tão quietos e saciados de carne. Pobre lion e sua vida dura, enclausurado, podendo o mundo e não podendo nada. No cercadinho, observando as pessoas. Os bebês que o olham fixo. As mulheres que o olham com medo. Os homens que acham que podem contra ele. O homem é mesmo um animal desprovido de medo. Mas larga-te num cercadinho de leões, larga-te.


Mas dae nestas andanças eu parei pra encostar na grade e vi uma formiguinha. Tá, era uma formigona, destas gigantes, que se te morder (e há algumas que usam aparelho e a mordida é doída que dá dó) tu cai duro no chão. Ela foi indo em direção ao leão, com suas garras pesadas, sua pata carnuda, seus dentes que rasgam um boi como se fosse manteiga. E ela ia corajosa, esperta, posuda que só ela. A bundinha saúva chegava a se erguer no vazio. Numa alameda próxima, centenas, milhares, milhões de outras formiguinhas gritavam:


- Fu! Fu! Fu! (de Fumiga).


E ela ia num ritmo bonito e admirável em direção ao leão. E se botava pra frente com a delicadeza e a força de uma modelo nata.


O leão deu aquela olhadinha pra formiga. Pobrezinha, descerebrada. Posuda e tosca, tão inocente formiga. Ele ali, um leão velho de guerra, marcado pelo tempo, chegou a sorrir no cantinho da boca quando viu ela se aproximando.


Fu foi com tudo e foi prosa. Deu uma mordida (nhac!!) e mais outra (nhac nhac) na pata do leão. Corajosa! Ele poderia tê-la esmagado com uma só patada.


Mas ficou imóvel. A pobre já esperava ter sido aquela a última "nhacada" de sua vida.

Enquanto isso, o leão nem se mexeu.
Sabia ele que era só uma formiguinha.

E que, enquanto isso, ele já voltava a observar as pessoas, pensando em algo muito maior.


Porque enquanto a formiguinha vinha com a mordida insignificante, o leão já sabia que aquela jaula era só o começo de uma vida cheia de desafios. E de vitórias para o rei da selva.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada a ver com o assunto, mas agora eu tava pensando, será que as formigas quando morrem acordam com a boca cheia de formiga?