sexta-feira, 13 de março de 2009

A voz que vem do coração




É difícil falar sobre o coração. Mais fácil é falar sobre política, negócios, polícia, educação. Antropologia, filosofia, discussões, colisão. Mas do coração... poucos conseguem falar de verdade. Até porque, as fórmulas mágicas moram sempre no coração do outro. É lá que estão as soluções de nossos mais agoniantes e agonizantes problemas. O coração é a porta de ferro que carrega por trás a malidicência humana: o ser racional sabe falar de tudo, menos de amor. O humano nada emocional.


Ah, e como pouco falamos. Amor torto e descabido, bandido, sedutor. Está lá e sempre esteve, mas mora quase solitário em meio a outros sentimentos. Brotar amor é difícil, mas experimente perguntar ao rancor quantas vezes ele morou ali dentro e saiu com a rapidez de um trem bala, assim que provocado, pela chama mais curta do ódio. É fácil sentir qualquer coisa que não seja o amor. Um coração gelado é mais comum do que parece.


Vitimizar é corriqueiro. Caixas e mais caixas de chocolate já consolaram as vítimas do terrível e assustador, amor. Roupas em shopping já curaram milhares de dores de cotovelo, cortes de cabelo já serviram como estopim ao exibicionismo dos "mal amados", "mal quistos", "mal chegados". O outro é sempre o monstro da história. Mesmo que uma roupa nova, um batom diferente, uma arrojada no visual só venham com uma decepção. O momento ideal pra se cuidar da gente: quando ninguém mais parece o fazer.


Amor com amor se paga e no mundo do dente por dente, os sorrisos são escassos. Seremos os eternos encantados, procurando os príncipes e princesas que, injustos, parecem não nos enxergar. O mundo vazio que habitamos parece ainda mais sombrio. Não nos vemos mais do que mortos-vivos, zumbis jogados à beira do abismo. E quando o amor chega e vai, é como se passasse pela mesma porta sem detector de alcalinos. O amor é lítio, explosivo e corrosivo. E ao mesmo tempo, um tubo de oxigênio. Passível de instrução de uso.


Sejamos como o metal mais pesado e providencial à resistência. O amor queima, engole qualquer fio de esperança e tão surpreendentemente encanta. O amor é sempre uma nova injeção.


Na testa. De graça. E sem contra-indicação.

Um comentário:

Diegonzo disse...

O amor é algo inexplicável, deliciosamente inexplicável, o combustível vital para a existência honesta de seres honestos cada vez mais raros em meio a piscina de merda onde nada a humanidade...
Bata forte oa braços e deixe se embriagar de amor... quanto aos revezes do coração: só sentem os que o tem