terça-feira, 24 de março de 2009

O labirinto




Perdidos, somos, incoerentes no próprio raciocínio. E no lapso da perda, escancarados na janela estão os vãos de um grande labirinto. Sabemos que há uma saída. Sim, há, com todas as alternativas possíveis. Mas não sabemos de imediato onde está.


Corredores nos levam na garupa, presos ao sistema de culpa e choro convulsivo. Se entramos também saímos, com dificuldades sim, mas atordoados pelo medo. As paredes são altas, os muros nos cercam, os obstáculos avante! nos permeiam. E tudo que queremos é uma grande a afiada navalha, que nos livre da parafernália, que nos leve de volta pra casa.


Respiramos fundo - em vão - tentando achar o melhor caminho. Inutilmente, o mais fácil é mais difícil e é imprevisível saber onde vamos parar. Afunilando as possibilidades, repetindo caminhos tortos pela vaga lembrança, sentindo a sede na garganta, a fome nas entranhas, a vontade de voar (e se livrar) das ruínas deste labirinto. O mundo é calmo, embebido em absinto, do mesmo verde que cobre o instinto: a saída é logo ali, poderia estar a placa, alguém tirou daqui.


E quando o fim parece próximo, quando o barco arruma um destroço e a saída se materializa, insista, é hora de sair. Porque no gomo que se abre mora a entrada de um novo ciclo, acorde, menina, é pífio tentar dormir de novo: o pesadelo acaba quando o sol renasce no morro.

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